Ao abrir nesta quarta-feira (10) a primeira edição de 2021 da reunião-almoço “Tá na Mesa”, promovida pela Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), o governador Eduardo Leite confirmou que a suspensão dos serviços não essenciais entre 2oh e 5h continua até o fim do mês. Também disse que as futuras bandeiras vermelhas serão mais rígidas.
O tema apresentado por ele foi “Competitividade – O Papel do Poder Executivo na Melhoria do Ambiente de Negócios e da Prestação de Serviços Públicos no Rio Grande do Sul”. Apesar do título, ele fez uma ressalva: “Eu queria tratar apenas de competividade, mas não tem como não tratarmos também da pandemia, que está completando um ano em nosso Estado”.
Em destaque, dados do monitoramento dos casos de coronavírus e da alta nas internações hospitalares, principal motivador do recente aperto nas medidas restritivas, com suspensão geral de atividades não essenciais entre 20h e 5h e também da cogestão, que permitia aos municípios a adoção de protocolos menos rígidos do que os de bandeira preta no distanciamento controlado.
Diante do questionamento do presidente da Federasul, Anderson Trautman Cardoso, representando entidades empresariais e o setor do comércio não essencial, o governador reiterou que a adoção de medidas ainda mais restritivas se faz necessária enquanto o Rio Grande do Sul vive o seu momento epidemiológico mais crítico até agora, mas que o Palácio Piratini tem trabalhado e dialogado para reestruturar as medidas quando a situação melhorar.
“O vírus só vai ser parado com a vacina, então enquanto a gente não consegue parar o vírus, precisamos parar o meio de transporte do vírus, que são as pessoas”, reforçou. “Na medida em que pudermos observar que a taxa de contágio esteja menor, queremos dar passos com segurança na liberação de atividades nos diversos setores econômicos.”
Bandeiras vermelhas mais rígidas
Ainda segundo ele, novas reuniões serão feitas nos próximos dias, com deputados, prefeitos e representantes de entidades, a fim de analisar dados e discutir como avançar nas regras estabelecidas. Leite também adiantou que a cogestão deve ser retomada, possivelmente com atualização dos protocolos de bandeira vermelha, a partir do dia 22, se os dados de contágio e internações seguirem a projeção de melhora com as restrições atualmente em vigor.
Além disso, o governador procurou desmistificar a questão de abertura de leitos para conter a pandemia. Depois de reforçar que o Rio Grande do Sul ampliou em 133% o total de leitos de UTI no âmbito do SUS, salientou o fato de que existe uma limitação para um prosseguimento da expansão desse tipo de estrutura, por causa dos recursos humanos disponíveis – afinal, são necessários 50 profissionais altamente especializados para cada dez leitos de terapia intensia.
“O leito não é a cura da Covid”, ressaltou. “Não podemos achar que se aumentarmos leitos não precisaremos ter restrições. O leito de UTI tem, nos melhores e mais especializados hospitais, uma taxa de letalidade de 45%, e uma taxa em média de 60% nos hospitais em geral. Recentemente, essa taxa tem subido e chegou a em torno de 70% em óbitos. Não quer dizer que não tenhamos que abrir.”
Abrimos e continuamos nos esforçando para abrir mais, mas não podemos vender para a população que a abertura evita as restrições, porque mesmo os que forem para a UTI terão chance pequena de sobreviver. Neste momento crítico, com variantes mais agressivas circulando, teremos situação difícil de preservar vidas caso a gente não aja para impedir a propagação do vírus”, explicou o governador.
(Marcello Campos | O Sul)