Quem é o rapaz morto na Orla do Guaiba que deixou um filho de 6 anos

Quem é o rapaz morto na Orla do Guaiba que deixou um filho de 6 anos

Pai de um menino e campeão de artes marciais: quem era o farmacêutico assassinado na orla do Guaíba

Felipe Morais da Silva, 33 anos, residia em Farroupilha, na Serra, com o filho de seis anos, e viajou a Porto Alegre com grupo de motociclistas

No fim de 2011, Felipe e Thaís se formaram em farmácia e se casaram em outubro de 2013. Em 2015, o casal celebrou a chegada do filhão Pedro.

Dois anos depois, em agosto de 2017, a família se viu diante de uma tragédia. Thaís se envolveu em um acidente de trânsito no limite entre os municípios de Santa Rosa e Três de Maio – de onde era natural. Após colidir contra uma carreta, ela chegou a ficar hospitalizada, mas não resistiu.

Tio e padrinho de Felipe, o técnico em contabilidade João Luiz Morais, 56 anos, recorda que, após a perda, o afilhado passou a se dedicar totalmente ao filho, chegando a deixar de lado a carreira como esportista. Ao longo da trajetória como farmacêutico, atuou em Veranópolis, Nova Prata e Farroupilha, onde morava atualmente com o filho.

— O Felipe foi o melhor pai e mãe que João Paulo poderia ter nesses quatro anos. Até agora, quando teve vida ceifada. Ele é meu sobrinho, filho da minha irmã, mas é um pedaço meu, parte de mim foi tirado. É como se fosse um filho meu, a dor é a mesma — desabafa o tio.

Apaixonado por motocicletas, Felipe integrava um grupo de motociclistas com sede em Porto Alegre.

Na Serra, costumava viajar para pontos turísticos levando o filho e a namorada, com quem mantinha relacionamento atualmente.

No último fim de semana, estava na Capital visitando amigos, quando foi até a orla do Guaíba. No trecho 3, ao amanhecer do último domingo, se envolveu numa briga. Durante a confusão, foi esfaqueado no abdômen três vezes. Apesar de ter sido socorrido, não resistiu aos ferimentos.

— Não queremos que o Felipe seja mais uma estatística no quadro da segurança pública. Foi um menino criado num ambiente família. Minha irmã me deu ele de presente para batizar. Primeiro sobrinho, primeiro neto da avó.

Foi criado nesse ambiente. Era aquele cara amado, admirado. Estava no auge da carreira dele, vivendo a plenitude da vida nesse momento. Um menino bonito, geração saúde, praticante de esportes — descreve João Luiz

O tio diz que não era habitual Felipe viajar a Porto Alegre. Sempre que a família se encontrava na Serra, o sobrinho pedia para que a esposa de João Luiz, sua madrinha, preparasse um ensopado que ele adorava. É assim que o tio, que atualmente reside na Bahia, recorda dele. Felipe deixa ainda os pais João Luis e Rosenir, uma irmã e a avó.

— Nossa família era muito unida. Isso nos destroçou. Minha irmã está destruída, minha mãe, que era a avó que zelava e mimava o neto. Quando o João Paulo perdeu a mãe dissemos que ela virou uma estrelinha, agora ele já está maior, não sei como vai ser, mais essa perda — lamenta.
O corpo de Felipe foi sepultado na última segunda-feira (17) no município de Paraí.
Pediu para dizerem ao filho que o amava

O caso segue investigado pela 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Capital. Nesta quarta-feira (19), a polícia ouviu mais amigos de Felipe, para tentar compreender a dinâmica dos fatos. Além das imagens de câmeras de segurança da Orla, também são analisados vídeos feitos por populares do momento da briga.

A Polícia Civil ouviu um casal de amigos de Felipe que presenciou o crime. Em depoimento, eles contaram que fazem parte do mesmo grupo de motociclistas e que realizaram um churrasco na noite de sábado.

Durante a madrugada, o próprio farmacêutico pediu aos amigos para ir até a Orla porque ainda não conhecia o local. Um deles, que é skatista, decidiu levá-lo até a área nova, da pista.

Os amigos reiteraram que a briga começou de forma repentina após um homem esbarrar neles e ter se iniciado uma confusão.

A mulher ouvida, que é técnica de enfermagem, relatou que o farmacêutico foi atingido por três facadas nas costas. Ela disse que auxiliou no socorro, enquanto aguardavam pela chegada da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

— Ela contou que ele sangrava muito. Ela chegou a usar a camiseta dela e de outras pessoas para tentar estancar. Ele perdeu a consciência algumas vezes. E pediu para dizer ao filho que o amava porque viu que algo poderia acontecer — narra a delegada Roberta Bertoldo.

As testemunhas ouvidas até o momento relataram que três homens teriam se envolvido na briga, um deles armado com uma faca. Os três amigos que estavam com Felipe e suas namoradas já foram ouvidos.

A polícia ainda pretende ouvir o depoimento da namorada do farmacêutico nos próximos dias.
Quando ouvidos pela polícia, amigos do jovem relataram que a Brigada Militar não teria prestado auxílio para conter a confusão.

A BM nega que tenha deixado de prestar socorro e garante que trabalhou para conter a situação. A polícia continua tentando identificar quem são os outros envolvidos na briga e quem foi o autor das facadas.

Informações que possam ajudar a esclarecer os fatos do crime podem ser repassadas pelo telefone 0800-642-0121

Fonte: Correio do Povo

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