Na DPPA de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, 35 detentos estavam mantidos em situação inadequada nesta quinta.
Entre a manhã e o início da tarde desta quinta-feira (28), ao menos 95 presos estavam sendo mantidos em carceragens das delegacias de polícia do Rio Grande do Sul, conforme levantamento do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm).
Na DPPA de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, a direção da Ugeirm flagrou 35 detentos sendo mantidos em condição inadequada. Essa situação descumpre uma decisão do Tribunal de Justiça que, em março, ordenou a retirada dos presos de todas as delegacias de polícia do Estado.
Além de ser uma situação ilegal que acontece há mais de cinco anos no RS, a manutenção de presos em péssimas condições nas delegacias torna-se mais grave ainda diante da pandemia do novo coronavírus no Estado, conforme aponta o vice-presidente da Ugeirm, Fábio Castro.
“Nas carceragens, os presos não têm distanciamento, estão algemados uns nos outros. Isso pode virar um vetor de contaminação bárbaro, porque sabemos que o vírus se espalha com facilidade.
Pode acontecer um surto que pode resultar no contágio da população, dos servidores que trabalham nas delegacias e dos próprios presos”, ressalta Castro. Até o momento, o Rio Grande do Sul já registra 7.048 casos confirmados e 209 óbitos pelo novo vírus.
No final de abril, a Ugeirm já havia divulgado uma nota cobrando o governo Eduardo Leite (PSDB) pelo descumprimento da ação judicial, que havia dado o prazo até 24 de março para a retirada de todos os presos das carceragens. Segundo Castro, a decisão do TJ surtiu efeito nos primeiros dias e o governo cumpriu a determinação por um curto espaço de tempo, mas, logo depois, o descumprimento por parte do poder Executivo passou a se tornar uma constante.
“Com o passar do tempo, o governo do Estado e os órgãos responsáveis vieram relaxando. Existe uma média de 100 presos todos os dias nas delegacias e isso tem se intensificado de umas semanas para cá”, pontua.
O vice-presidente afirma que o Sindicato tem reiterado a existência da decisão judicial, denunciado a manutenção de presos nas delegacias e comunicado o não cumprimento da decisão pelo governo ao Judiciário, à Defensoria Pública, à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e aos demais órgãos que atuam no Estado.
“O ideal seria que os presos saíssem permanentemente das delegacias, porque é uma situação de ilegalidade”, ressalta Castro
Fonte: Sul21