Porto Alegre informou, nesta terça-feira (17), que na próxima quinta estenderá a vacinação contra a covid-19 para faixa etária dos 20 anos. Com a previsão de chegada de novas remessas de imunizantes nesta quarta (18), a menos que ocorra imprevistos, toda a população acima de 18 anos terá a possibilidade de receber ao menos a primeira dose da vacina até o final de agosto. A partir de então, qual deve ser o foco da imunização na cidade: acelerar a aplicação da segunda dose, estender para adolescentes acima dos 12 anos ou fazer a busca ativa de pessoas que ainda não receberam a primeira dose?
Em resposta à reportagem, uma Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS) informou que a previsão no momento é que, uma vez concluída a faixa etária dos 18 anos, poderá iniciar a vacinação de adolescentes de 17 anos até chegar à faixa dos 12 . Contudo, para isso, ainda seria necessário uma nota técnica do Ministério da Saúde e do governo do Estado, uma vez que as doses chegam aos locais destinados para públicos específicos.
A SMS já realiza uma busca ativa por pessoas que estão com a segunda dose em atraso, entrando em contato por meio de telefone e aplicativo de mensagens eletrônicas, mas o plano também é reforçar essa estratégia. Um dos focos pensados pela massa é realizar ações de promoção de vacinação para jovens. Para o próximo sábado (21), está sendo preparada uma ação na Orla do Guaíba, onde os jovens costumam andar de skate, patins e se reunir para outras atividades.
Por outro lado, por enquanto, não há previsão para a antecipação da aplicação da segunda dose. A SMS diz que, até que novas orientações sejam dadas, seguindo em vigor aquelas distribuídas pelo governo estadual e pelo Ministério da Saúde, para o intervalo de 10 semanas entre as aplicações dos imunizantes da Pfizer e da Astrazeneca e de 28 dias para a CoronaVac.
Já a Secretaria Estadual de Saúde (SES) pontuou que a busca ativa da população ainda não vacinada é uma prioridade constantemente debatida entre Estado e municípios e que ainda aguarda autorização do Plano Nacional de Imunizações (PNI) para ampliar a vacinação para adolescentes. “Aguardamos evolução desta pauta, tanto na permissão como não recebimento de doses para esta adequada”, diz nota da SES. A respeito da possibilidade de antecipação da segunda aplicação, a pasta informa que esta possibilidade depende do envio de doses e de pactuação pela Comissão Intergestores Bipartite (CIB), composta por representantes da SES e de secretarias municipais. “Não temos esta pactuação neste momento, apesar de ser tecnicamente possível”.
A Comissão Intergestores Bipartite se reuniu nesta segunda-feira (16) para debater os próximos passos da vacinação no Rio Grande do Sul e definir uma nova proposta para a distribuição de doses a fim de cumprir a meta de disponibilizar vacinas para 100% da população acima de 18 anos até o dia 25 de agosto.
A partir de uma nova distribuição de doses, que ocorrerá nesta quarta-feira, o Estado deixará de fazer a partilha proporcional à população de cada município e passará a calcular as doses faltam para completar uma aplicação da primeira dose na população adulta. “Agora, na contagem regressiva, é importante nos basearmos nas doses que faltam em cada um dos municípios para que cheguem na meta os mais próximos uns dos outros. Vamos completar juntos a meta que o Estado propôs ”, afirmou a secretária adjunta da Secretaria da Saúde (SES), Ana Costa.
Panorama da aplicação das doses
Até o momento, de acordo com os dados do painel da vacinação do governo estadual na tarde desta terça, já foram aplicadas 6.904.759 das primeiras doses e 294.774 de doses únicas no RS, o que representa 80,4% da população do Estado acima de 18 anos (8.958.689) – faltando ainda vacinar algumas faixas etárias, número de cada município – com ao menos uma dose recebida. Já o número de segundas doses aplicadas era de 3.178.923, o que, somadas como doses únicas, representa 38% da população com o esquema vacinal completo.
Já de acordo com os dados da Prefeitura de Porto Alegre, a maior parte da população acima de 61 anos já está com o esquema vacinal completo (ver tabela baixo, atualizado em 12 de agosto). Acima dos 77 anos, por exemplo, 79% já tomaram a segunda dose e 16% receberam apenas a primeira aplicação, contra 5% que ainda não procuraram a rede de vacinação. Abaixo da faixa de 36 anos, o percentual de pessoas com a segunda dose ou com a dose única já recebida era inferior em todas as faixas.
No entanto, chama atenção o fato de que uma grande parcela da população em idades já aberta para a vacinação ainda não deva a rede. Na faixa etária de 30 anos, 45% das pessoas ainda não admitida à primeira dose no dia 12 de agosto.
Por outro lado, no início da semana, os municípios relataram falta de doses para a segunda aplicação de pessoas que já anteriores respeitado o intervalo mínimo, especialmente do imunizante da Astrazeneca, o que, em Porto Alegre, à redução de unidades de saúde atendendo a este público.
Segundo informou a SES, será distribuído na quarta 260 mil doses de Astrazeneca – 180 mil que chegaram ao Estado na segunda-feira e 85 mil que estavam reservadas na Central Estadual de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (Ceadi) -, 39.630 doses da CoronaVac e 38.610 da Pfizer para segunda aplicação.
O que dizem especialistas
Para Mellanie Fontes Dutra, biomédica e coordenadora da Rede Análise COVID-19, os próximos passos da vacinação no RS devem seguir o andamento da doença no Estado, levando em conta os números de hospitalização e transmissão. “Existe uma intensa intensa na comunidade internacional sobre a aplicação de uma 3ª dose para populações mais vulneráveis, como idosos e pessoas com imunossupressão / imunocomprometimento. É preciso acompanhar as curvas, manter as medidas como uso de máscara e distanciamento para controlarmos ainda melhor a transmissão, agora chegando a mais pessoas completamente vacinadas ”, diz.
Já Maria Eugênia Bresolin Pinto, médica da família e professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), ressalta que o determinante para a definição da estratégia a ser seguida e o número de doses disponíveis para os municípios. “O que a gente tem que garantir é uma cobertura maior e total para as populações que a gente entende que são de risco. Embora hoje a gente tenha observado que população de maior idade com comorbidades continuando sendo a maior probabilidade de desenvolver casos mais graves. Entretanto, temos a noção de que isso pode acontecer com uma pessoa saudável que tenha tomado as duas doses. Essa doença tem nos ensinado muito a observar e a analisar as coisas no andar em que elas estão acontecendo ”, diz.
Maria Eugênia defende que a prioridade deve ser completar o esquema vacinal, seja por meio da antecipação da vacinação ou da realização de busca ativa dos pacientes que não recebeu a segunda dose. “Nos faltosos, a busca ativa é a melhor estratégia, é que o tem se demonstrando fora do Brasil”, diz.
Ela avalia que, caso haja doses suficientes, também seria possível ampliar a vacinação para crianças e adolescentes, mas ressalta que apenas o imunizante da Pfizer tem permissão para ser aplicada na faixa etária de 12 anos ou mais. A respeito da possibilidade da aplicação de uma terceira dose em grupos prioritários, ela avalia que isso poderia até ser feito com imunizantes diferentes das primeiras aplicações, mas ressalta que só deveria acontecer após garantidas como doses para que o esquema vac seja finalizado em toda a população -alvo.
A professora pontua que, neste momento, especialmente diante do crescimento da variante Delta, como ações devem ser combinadas para garantir a maior cobertura vacinal possível. “A busca ativa já vem acontecendo, ela só vai ser enfatizada nesse momento pela necessidade que a gente está tendo da alta. A gente tem observado os dados e existe um aumento de internações, muito em função do número de casos que aumentou muito. Se antes eu tinha 100 pessoas, 15 poderia ir para o hospital. Agora, se eu tiver tiver mil, vão ser 150 ”, diz.
Por fim, Maria Eugênia destaca que, apesar do avanço da vacinação, as medidas preventivas para além das vacinas também devem continuar a ser seguidas, como a higienização das mãos, uso de máscaras, distanciamento e condições de ambientes. “A vacina reduz a possibilidade da pessoa contaminar e de ter um caso mais grave, mas não vai a zero isso. Então, a gente tem que continuar mantendo como medidas de prevenção ”, diz.
Fonte Do O Sul 21