A polêmica em torno do brinquedo teve início com um pastor que postou um vídeo no Youtube onde ele afirma que o inocente objeto veio para “destruir a família”.
Seja no comércio de rua, digital ou em lojas do metrô e trem, é possível ver alguns objetos de silicone com os núcleos do arco-íris, trata-se do pop-it, classificado como “fidget toy” ou brinquedo para inquietação, que se tornou uma febre entre as crianças durante uma pandemia.
Porém, o que deveria ser tratado como um brinquedo, que funciona como uma espécie de bolha de plástico sem fim, se tornado o mais novo alvo de grupos fundamentalistas. O motivo? Como núcleos que remetem ao arco-íris, o símbolo do movimento LGBT. Para alguns grupos religiosos, trata-se de mais uma articulação para a “destruição da família”.
Reportagem do jornal Extra conversou alguns pais que resolveram retirar o brinquedo de cenário ou comprar algum em versão neutra por conta das cores.
Uma das personagens da matéria é uma criança Manoela, que havia ganhado o pop-it de seu pai, porém, em um dia ela telefonou para o pai e afirmou que o brinquedo “era coisa do diabo”.
Ao jornal, o pai da criança filho que ficou “aterrorizado”. “A criança é pura, não tem maldade. Ninguém pode ficar colocando isso na mente dela […] é só um brinquedo que está na moda, para se divertir […] é uma pena que minha filha cresça aprendendo a odiar o que é diferente ”, disse Rafael, pai da criança, que também é religioso.
Destruição da família
A celeuma em torno do brinquedo teve início com um pastor que postou um vídeo no Youtube onde relacionou como núcleos do brinquedo ao movimento LGBT e que se tratava de mais uma tentativa de “destruir a família”.
A partir daí, os seguidores replicaram a fala do pastor e a ideia de se tratar de “um brinquedo gay”.
Porém, a história do Pop-it não tem nada a ver com teorias fundamentalistas da destruição da família.
Origens
Apesar de ter se tornado uma febre em 2020, a origem do pop-it nos remete para os anos 1970 e ao casal Theo e Ora Coster, que inventaram mais de 190 jogos.
Theo Coster é um sobrevivente do Holocausto que foi viver em Israel, onde conheceu a sua esposa e parceira na criação de vários brinquedos educativos.
A primeira versão do pop vem uma de tragédia: a irmã de Ora, que era uma artista plástica, morreu de câncer em 1974. Ora sonhou com a irmão e a partir daí teve uma ideia para o brinquedo.
“Ela disse ao meu pai: ‘imagine um grande campo de seios, seios de senhora, em que você pode empurrar o mamilo’. Ela era muito aberta, dizia o que estava em sua mente, para qualquer pessoa […] ela foi até ele e disse ‘faça um tapete de mamilos para você apertar de um lado para o outro. E ele fez exatamente isso ”, revelou à BBC Boaz Coster, filho de Teo e Ora e que hoje comanda a empresa junto com o seu irmão, Gideon.
Porém, à época a ideia não deu certo, pois, o tipo de silicone que dá base para a versão atual não existia naquele tempo.
Mas, alguns anos atrás os filhos do casal fizeram uma nova versão e fecharam um acordo com a Foxmind, empresa de jogos de Montreal.
Em 2014, o brinquedo foi comprado pela loja estadunidense Target em 2019.
Sucesso no TikTok
Mas, foi graças a alguns vídeos postados no TikTok, onde um macaco aparece brincando com o Pop-it é que então o artefato se tornado um fenômeno.
O vídeo com o macaco teve milhões de acesso. Segundo a BBC, uma macaca se chama Gaitlyn Rae e pertence e Jessica e Paul, que vive em fazenda localizada na Carolina do Norte, nos EUA.
Jessica Lacher explica como o brinquedo foi parar nas mãos do animal. “Alguém deu um pop-it de aniversário para ela. Foi a primeira vez que vimos o brinquedo. Não sei se era o original. Mas então estabelecer a fazer todas essas outras marcas, e os fãs dela continuaram enviando e enviando. Temos caixas e mais caixas de pop-its ”, revela a tutora de Gaitlyn.
Fonte Porto Alegre 24 horas