A Corregedoria-Geral da Brigada Militar instaurou procedimento para apurar a conduta de dois policiais militares do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM), de Novo Hamburgo, em uma abordagem realizada no bairro São José, na madrugada do Réveillon. A ação foi flagrada em um vídeo que circula nas redes sociais. Nas imagens, um dos policiais aparece colocando uma sacola plástica verde na cabeça de uma pessoa em um bar. O outro PM apenas observa a ação do colega.
O 3º BPM já afastou os PMs das atividades de policiamento ostensivo. No vídeo, uma mulher aparece imobilizada com as mãos junto às costas, enquanto tem o objeto apertado contra sua nuca. O corregedor-geral da BM, coronel Vladimir Luiz Silva da Rosa, explica que a investigação criminal teve início após o recebimento de uma denúncia anônima. “Confirmamos num primeiro momento que são imagens verídicas e buscamos a identificação dos policiais”, destaca.
Após a análise das imagens, os dois PMs foram chamados à corregedoria onde foram ouvidos. Conforme Silva da Rosa, duas vítimas deveriam ser ouvidas nesta terça-feira. O casal seria proprietário do bar onde houve a ação dos PMs. O corregedor critica a abordagem dos policiais. “As imagens são claras. É um comportamento inadequado e ilegal. É uma conduta fora dos padrões operacionais que nós temos na instituição, e essa situação faz com que nós sejamos rígidos na investigação assim como fomos nas investigações anteriores de casos impactantes”, afirma
Segundo Silva da Rosa, a corregedoria deve intensificar as apurações e buscar todas as informações das partes envolvidas. “Queremos dar um desfecho até o final da semana, terminar essa investigação e dar uma resposta para a sociedade”, garante, acrescentando que os policiais estão afastados das atividades de policiamento ostensivo. “Essa abordagem fugiu de qualquer padrão lógico fere a questão dos direitos humanos que nós primamos o tempo todo”, completa.
O corregedor-geral lembra que a BM realiza cerca de 5 mil abordagens diárias no Estado. “É um caso infelizmente que aconteceu em Novo Hamburgo e que foge do nosso padrão de rotina”, ressalta. Por ora, as investigações apontam que apenas dois PMs teriam participado da ação. Um deles teria apenas observado a cena. “Não existe uma atuação isolada da outra, porque se um fez algo errado o outro tinha a obrigação de impedir que isso acontecesse. Então os dois têm responsabilidade”, sustenta.
Em nota, o 3º BPM informa que tomou ciência do vídeo onde dois homens fardados aparecem em “conduta incompatível com a atividade policial”. De acordo com a Brigada, foram identificados o local e os dois policiais militares que aparecem nas imagens. O 3ºBPM reforça que a Corregedoria-Geral já instaurou procedimento para a apuração das circunstâncias do fato e que os policiais estão afastados de suas atividades até que seja concluída a investigação.
Íntegra da nota da Brigada Militar
“O comando do 3⁰ Batalhão de Polícia Militar, sediado em Novo Hamburgo, comunica que tomou ciência de vídeo onde dois homens fardados aparecem em condutas incompatíveis com a atividade policial militar. Informa, ainda, que foram identificados o local e os dois policiais militares que aparecem nas referidas imagens, e que a Corregedoria-geral já instaurou procedimento para a apuração das circunstâncias do fato. A Brigada Militar de Novo Hamburgo afastou os policiais militares das atividades até que seja concluída a investigação da Corregedoria-Geral.”
ENTENDA O QUE ACONTECEU
POLICIAL MILITAR É FLAGRADO COLOCANDO SACOLA PLÁSTICA NA CABEÇA DE MULHER EM NOVO HAMBURGO.
Em nota, BRIGADA MILITAR informou que os dois envolvidos foram afastados e que ocorrido está sendo investigado pela CORREGEDORIA-GERAL da corporação.
Um brigadiano foi flagrado colocando uma sacola plástica na cabeça de uma mulher em NOVO HAMBURGO.
Na imagem aparece dois policiais militares fardados, sendo que um deles coloca o objeto na cabeça dela, que está de costas, e o outro está ao lado, na frente de um segundo indivíduo.
Em nota, a BRIGADA MILITAR (BM), informou que ambos foram afastados até a conclusão das investigações. De acordo com informações iniciais, flagrante teria acontecido na noite de domingo (1º), no BAIRRO SÃO JOSÉ.
No comunicado, o 3º BATALHÃO DA BM informou que está ciente dos dois homens fardados em condutas que, de acordo com a corporação, são “incompatíveis com a atividade policial militar”.
A BRIGADA MILITAR diz ainda que o local e os envolvidos foram identificados “e que a CORREGEDORIA-GERAL já instaurou procedimento para a apuração das circunstâncias do fato”.
A BM não deu mais detalhes sobre o caso
NOTA DA MULHER AO G1
Eu tava aqui fora, tomando cerveja, porque é normal eu vir pra cá, né? Aí a polícia veio e simplesmente abordou meu marido.
Aí ele pegou, e veio já com a arma na cabeça dele: “Entra, entra, entra”. Nós entramos. Ali foi um filme de terror.
Botaram saco na cabeça dele, algemaram ele, bateram nele. Aí vieram em mim. Botaram saco na minha cabeça. A sorte foi que a pessoa foi e filmou, se não acho que não ia nem estar mais aqui — disse.
Segundo testemunhas, os policiais fecharam a porta do bar durante a abordagem ao casal. A filmagem foi feita por meio de uma fresta.
A mulher que aparece nas imagens diz que os agentes pediam por informações e também afirma que os policiais roubaram dinheiro na ação:
— Até as bebidas eles levaram. Levaram bebida, levaram força de dinheiro, que é o nosso sustento.
Para o corregedor-geral da BM, coronel Vladimir da Rosa, embora o caso ainda esteja sob investigação, as imagens da mulher tendo o saco plástico posto sobre a cabeça já evidenciam desrespeito aos manuais da corporação.
— É impactante no sentido de que foge do padrão operacional que nós adotamos, que todos os dias é trabalhado nas paradas de serviço quando os profissionais ingressam para tirar o seu serviço e tem a conversa com o coordenador, sargento, tenentes, capitães sobre o procedimento de melhor agir em prol da nossa sociedade — afirmou o oficial.
A mulher abordada diz que os policiais fugiram do local ao perceber que a ação estava sendo filmada e que ameaçaram matá-los, caso o vídeo fosse publicado.
— Medo, medo. Porque os que tinham que estar protegendo a gente fizeram isso — comenta.
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Fonte Correio do Povo