No apartamento, homens conversam tranquilamente, pisoteando sacos plásticos pretos. O criminoso que faz a gravação em vídeo explica: “Estou cravando ela todinha, ficou só a caixa”.
Para entender do que estão falando, é preciso assistir à gravação macabra que foi espalhada em redes sociais.
O local que aparece na gravação fica no condomínio Arlindo Gustavo Krentz, na Rua Machadinho, em Canoas. É um complexo residencial dominado por facção criminosa e rotineiramente alvo de ações policiais.
Na terça-feira (2), a DHPP de Canoas registrou ocorrência do caso da morte gravada e intensificou a busca por detalhes. Com apoio de informações coletadas na rua pela BM, tiveram a indicação de que o local seria o condomínio conhecido como “Machadinho”. A identificação ocorreu a partir de detalhes internos do imóvel, como azulejos.
Mais investigações foram realizadas para tentar identificar o criminoso que sorri com a faca na mão. Ele e o homem que gravou a ação foram identificados e tiveram prisão decretada.
— Foi um homicídio cruel. Chamou a atenção a maneira descontraída com que os homicidas conversam entre si, parecendo que faziam isso sempre. A operação teve o mérito de encontrar o local e coletar mais elementos para o trabalho — destaca o delegado.
Ao entrarem no local e flagrarem elementos que apareciam no vídeo, como um tênis com detalhes amarelo e um balde azul, os policiais tiveram certeza de ter achado o imóvel em que ocorreu o crime. O condomínio foi tomado com apoio de policiais militares e do helicóptero da polícia.
O homem que fez a gravação usava tornozeleira eletrônica, que foi rompida. Uma mulher foi presa no local por suspeita de envolvimento.
A polícia também apurou que a morte da vítima foi definida como punição por ela supostamente estar passando informações do grupo criminoso a uma facção rival. A gravação parece ser uma forma de prestar contas da ação, em detalhes, a um mandante.
— O que mais choca nesse vídeo, além da barbárie, é a sensação de impunidade dos autores, que filmam um esquartejamento de cara limpa. A ação imediata da Polícia Civil ao receber esse vídeo é a demonstração de que crimes bárbaros como este jamais vão ficar sem punição — destacou a delegada Vanessa Pitrez, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa.
A identidade da vítima ainda é um mistério, pois não há registro de mulheres desaparecidas nos últimos dias. Os pedaços do corpo teriam sido tirados do apartamento dentro de uma mala.
A polícia pede que qualquer informação sobre outros envolvidos ou a identidade da vítima seja repassada. As denúncias podem ser anônimas. Para informações sobre o caso: 0800 64 20 121 ou 9 8416 7109.
Curta Hora da Notícia RS