As autoridades de segurança pública de Sergipe anunciaram na manhã desta quinta-feira (28), em coletiva de imprensa, que os restos mortais encontrados por um oficial de Justiça, durante execução de ação judicial em um apartamento em Aracaju, são do jornalista, escritor e advogado Celso Adão Portella. O gaúcho de Ijuí, que constituiu carreira profissional na Capital nos anos 1970 e 1980, tendo trabalhado como locutor das rádios Gaúcha e Farroupilha, havia migrado para o Nordeste em 2001.
Conforme as investigações, Portella residiu no domicílio onde seu corpo foi escondido após morrer, em companhia da mulher, que está presa sob suspeita de ser a mentora da ocultação do cadáver, que, conforme investigação, ocorrreu em 2016. Em depoimento à Polícia Civil, a mulher, de 37 anos, negou ter envolvimento com a morte do jornalista e afirmou que os dois tiveram um relacionamento amoroso. A mulher teve sua prisão preventiva decretada e a apuração pode ser convertida em investigação de homicídio.
Durante a coletiva, o diretor do IML de Aracaju, perito Victor Barros, explicou que havia no apartamento documentos de Celso Adão Portella, mas pela condição dos restos mortais houve o entendimento de que seria necessário aplicar “metodologia científica” para confirmar a identidade e buscar evidências sobre como a morte aconteceu.
— Não é uma resposta fácil ou rápida de ser dada. Positivamos a identidade com a antropologia forense. O trabalho segue. O corpo já foi preparado e toda a parte de tecido foi retirada. Agora, começamos o trabalho de análise óssea em busca de indícios sobre a causa da morte e como o corpo foi conservado — explicou o diretor do IML.
Segundo a perita odonto-legista do IML, Suzana Maciel, o trabalho de apuração da identidade extrapolou as práticas comuns a uma necropsia, utilizando elementos de identificação relacionados ao biotipo da vítima.
Trabalhamos os ossos que contam uma história daquele indivíduo, chegando à conclusão de que se tratava de ossada masculina e estimamos um intervalo de idade, estatura e afinidade corporacional com a registrada no Rio Grande do Sul. Também utilizamos informações médicas de um procedimento cirúrgico no joelho da vítima – relatou a perita.
Comparação de imagens do crânio e fotos de Portella
Suzana contou também que foi utilizada a técnica de sobreposição de imagens do crânio examinado com as últimas imagens de Celso Portella em vida.
— Puxamos pontos na face e no crânio e conseguimos analisar esses pontos. Essa sobreposição segue um método científico, o que nos ajuda a confirmar a identidade. Assim, tivemos vários elementos para positivar essa identidade — acrescentou Suzana Maciel.
Identificação da causa da morte prossegue sob investigação
Para esclarecer toda a dinâmica que envolveu o crime de ocultação de cadáver, o diretor do IML destacou que outros procedimentos periciais prosseguirão sendo realizados.
— A grande dúvida da sociedade é como aquele corpo chegou naquele estágio de decomposição e não foi percebido pelos vizinhos. Temos algumas teorias, geramos as hipóteses e iremos testá-las — declarou.
Fonte GZH