Paulão da Conceição é preso em ofensiva contra líderes de facções criminosas em Porto Alegre

Paulão da Conceição é preso em ofensiva contra líderes de facções criminosas em Porto Alegre

Um fato chamou atenção da Polícia Civil durante investigação que ocorre desde abril e que teve início quando foi registrada a primeira onda de ataques entre grupos criminosos do ano em Porto Alegre. As lideranças das três facções que estão por trás desses conflitos mantêm contatos diariamente.

São 32 investigados — alvos de operação deflagrada nesta quinta-feira (8) em cinco cidades da Região Metropolitana — que mantêm negociações diárias por drogas e armas, inclusive granadas. Além disso, selam acordos, anunciam guerra entre si e delimitam territórios, tudo visando basicamente o lucro próprio.

Enquanto isso, os integrantes do baixo escalão dos três grupos inimigos, segundo apuração da 1ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), continuam com as demonstrações de poder, causando mortes e deixando pessoas feridas, inclusive inocentes. Eles também levam medo às comunidades, forçando comércio, escolas e postos de saúde a fecharem as portas.

São dezenas de mortos e feridos em confrontos entre março e abril. E, agora, outros casos mais recentes desde agosto. Entre eles, um homem decapitado no mês passado na Vila Cruzeiro, além de ataques em um bar no bairro Campo Novo, na Zona Sul, no último domingo (4), com três mortos e 22 feridos, e no bairro Bom Jesus, na Zona Leste, na terça-feira (6), com um morto e quatro feridos

Operação Senhores do Crime

A chamada Operação Senhores do Crime é comandada pelo delegado Guilherme Dill, do Denarc, e conta com o apoio da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). São 120 agentes, que cumprem 32 mandados de prisão temporária — sendo que 12 são contra líderes das três facções, que comandam crimes de dentro de cinco prisões — e outros 23 de busca e apreensão em Porto Alegre, Canoas, Guaíba, Gravataí e Charqueadas.

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Uma das facções tem base no Vale do Sinos e teria se aliado a outra baseada no bairro Bom Jesus para realizar confrontos com um terceiro grupo, que atua a partir da Grande Cruzeiro. Dill diz que, mesmo com a guerra que se iniciou em março, as negociações entre as lideranças seguiam acontecendo.

— Pessoal da base do tráfico sempre guerreando, brigando, demonstrando poder e dizendo que são de tal e tal facção, mas os chefes deles conversam todo dia, compram droga um do outro, compram armas um do outro, negociam paz e guerra, fazem proposta um para outro. Então, estes chamados “soldados” do tráfico, comandados pelos líderes, seguem se matando e se ferindo, e os chefões não estão nem aí para eles — ressalta o delegado.

Em apenas uma interceptação telefônica entre dois traficantes do alto escalão dessas facções, a polícia comprovou que houve a tentativa de acordo para ver qual dos grupos venderia drogas na Vila Conceição, na zona leste de Porto Alegre, e em parte do bairro Santa Tereza, na Zona Sul. No entanto, não houve consenso, e a guerra continuou.

Comunidades atingidas

Segundo Dill, a comunidade trabalhadora é quem sofre com a violência, amedrontada e, por vezes, vítima de bala perdida, como ocorreu nesta semana em dois casos em que as pessoas mortas apenas estavam no local e na hora erradas. Além disso, os moradores dessas localidades em conflito têm serviços básicos fechados. Não só o comércio, como bares sendo alvo de tiros, e, principalmente, postos de saúde e escolas fechando as portas devido à insegurança.

Até as 7h30min, 20 mandados de prisão já haviam sido cumpridos — sendo 12 deles em presídios. Os nomes dos alvos não foram divulgados pela polícia, mas entre os detidos está Paulo Ricardo Santos da Silva, o Paulão da Conceição, que estava usando tornozeleira eletrônica.

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Em relação ao cumprimento de mandados referentes aos criminosos que já se encontram no sistema prisional, Dill ressalta que a ação é importante porque, em caso de possível liberação por algum delito anterior, o investigado seguirá detido devido ao novo delito imputado a ele.

O diretor de Investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro, ressalta que pelo menos cinco homicídios — nos bairros Santana, Lomba do Pinheiro e Santa Tereza — poderiam ter sido evitados no primeiro semestre do ano se os acordos fossem mantidos ou se os criminosos que atuam na ponta do tráfico soubessem dessas trocas de informações e negociações entre os chefões dos três grupos. Segundo ele, outro fato que motivou a continuidade dos confrontos foi a não quitação de dívidas entre as facções.

— Por isso defendemos cada vez mais a necessidade de bloqueadores de sinal de telefonia nas penitenciárias e o encaminhamento dessas lideranças para o isolamento de fato em prisões federais — explica.

Negociação de armas, drogas e granadas
O diretor do Denarc, delegado Carlos Wendt, destaca que o inquérito policial apurou a existência de várias remessas de armas, drogas e munição para Porto Alegre e que parte delas é negociada em conjunto pelos grupos rivais. A maioria vem do Paraguai. Inclusive, trocas de mensagens entre os alvos da operação realizada nesta quinta-feira comprovam o negócio ilícito.

Wendt diz que, em um deles, granadas — como as que foram recolhidas nesta semana no condomínio Princesa Isabel, no bairro Santana — foram adquiridas. Um dos objetivos é comprovar se o artefato encontrado há dois dias está nas negociações investigadas pelo Denarc.

— A operação desencadeada hoje (quinta-feira) é resultado de uma investigação que visa à responsabilização de traficantes faccionados no topo da pirâmide hierárquica e, com isso, acreditamos que estes confrontos possam reduzir — ressalta Wendt.

A expectativa do diretor do Denarc pode repercutir em outras regiões. Esta guerra de facções se estendeu pelo Litoral Norte em julho, inclusive com uma criança morta dentro de casa por engano em Imbé e que resultou em operações das autoridades de segurança locais, bem como no Vale do Sinos.

Desde agosto, Novo Hamburgo foi palco de uma série de confrontos com mortes, deixando inclusive um policial ferido durante investigação em condomínio tomado pelo tráfico. As forças policiais também realizaram ações para conter essa onda de violência.

Na Capital, entre março e abril, os conflitos deixaram 24 pessoas mortas e 31 feridas. Somente em relação aos ataques mais recentes, em dois bares nesta semana, houve quatro mortes e 26 feridos.

Denúncias sobre a ação de traficantes podem ser feitas no site da Polícia Civil ou pelo Disque-Denúncia do Denarc: 08000-518-518.

Fonte RGC

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