Os colaboradores da Paquetá The Shoe Company, de Sapiranga, que estavam com contrato de trabalho suspenso levaram um susto na manhã desta quinta-feira (30). O que temiam aconteceu, eles foram demitidos pela empresa calçadista.
“Falaram que não vão ter condições de nos manter, que a empresa está mal e com muitas dívidas. E nos demitiram”, conta a agora ex-funcionária de 45 anos, que prefere não se identificar.
Segundo ela, foram quase 200 empregados demitidos nesta quinta-feira (3o). “Demitiram os que estavam em layoff. Enviaram uma convocação ontem (29), no fim do dia, e hoje (30), a gente assinou o contrato para encaminhar os papéis, um aviso prévio indenizado”
Esta semana, a empresa anunciou o fechamento de duas unidades no Ceará. Com receio da unidade em Sapiranga também fechar as portas, funcionários procuraram a reportagem do Grupo Sinos na última terça-feira (28). A ideia era fazer uma manifestação na sexta (1º).
“A manifestação era para ter uma posição, eles não nos diziam nada. Ficamos cinco meses em layoff e ficavam remarcando nossa volta. Agora que fomos demitidos, vamos entrar na Justiça para receber”, desabafa a ex-funcionária da Paquetá.
A diretoria financeira da calçadista, por meio do diretor Eurico Nunes, informou que”este processo é parte da reestruturação da Paquetá. Preferimos conduzir este assunto com os colaboradores dispensados.”
O Sindicato dos Sapateiros de Sapiranga e Região acompanha o caso e, segundo o secretário-geral Leandro Rodrigues dos Santos, terá uma reunião com o setor jurídico da companhia ainda nesta quinta-feira (30).
Ação do Ministério do Trabalho
A empresa teve o processo de recuperação judicial encerrado no início de novembro, mas seguiu com problemas financeiros. Entre os débitos da calçadista estão o atraso no pagamento de rescisões trabalhistas.
Para garantir o pagamento, uma ação cautelar foi aberta pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em Novo Hamburgo solicitando o bloqueio dos bens da empresa. Na última segunda (27), o MPT informou que obteve antecipação de tutela na ação cautelar que inclui o grupo econômico formado pelas empresas Paquetá Calçados Ltda., Companhia Castor de Participações Societárias e Praticard Administradora de Cartões de Crédito Ltda.
O Ministério Público do Trabalho afirmou que teve como embasamento várias denúncias de ex-trabalhadores de Paquetá Calçados, nas quais relata “demissão de empregados sem o pagamento dos valores rescisórios, além do não pagamento de salários e atrasos no recolhimento do FGTS.”
O bloqueio cautelar inclui bens móveis e imóveis, além de veículos e ativos financeiros do Grupo, no valor mínimo de R$ 4 milhões, enquanto não for apresentada pela Paquetá Calçados uma proposta de quitação das dívidas trabalhistas.
O processo de recuperação judicial
A recuperação judicial do Grupo Paquetá começou em 2019, com dívida de R$ 428 milhões e mais de 12 mil credores. A definição de encerrar o processo de recuperação judicial, que ocorreu em 11 de novembro deste ano, teve relação com aporte de R$ 7,373 milhões após uma determinação judicial que determinou o pagamento sob pena de ser decretada a falência da empresa, o que foi requerido por credores.
O valor cobre apenas os débitos com vencimento de até dois anos após o início da recuperação judicial, o que aconteceu em agosto de 2023. Assim, os credores poderão ainda pedir execução de outras dívidas e até mesmo pedido de falência, conforme informou o escritório Brizola e Japur Administração Judicial, que atua na administração judicial (fiscal nomeada pelo Juiz).
Em nota enviada à reportagem no dia 14 de novembro deste ano, o diretor financeiro da empresa, Eurico Nunes, informou que a finalização do processo de recuperação judicial era uma etapa vencida e que o grupo “continua trabalhando fortemente em seus processos de reestruturação”.
Fonte Jornal NH