Considerada uma das regiões mais ricas em biodiversidade do planeta, o Pantanal foi profundamente castigado pelo fogo este ano. Nos primeiros nove meses de 2020, foram identificados mais de 16 mil focos de incêndio no bioma, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Cerca de 170% a mais que no mesmo período do ano passado, quando foram registradas 6.052. Mas como é possível que a maior superfície inundável do planeta sofra tanto com o fogo? Primeiro é preciso entender que, embora no período chuvoso as cheias atinjam até 80% do bioma, a região enfrenta períodos de seca. Só que, este ano, a situação se agravou. Entre janeiro e maio, choveu metade do normal. O que levou a uma seca mais severa, com as maiores temperaturas já registradas e a menor cheia dos últimos 47 anos no Rio Paraguai.
O fator climático, o desmatamento ilegal e a falta de fiscalização são as principais explicações para tantos incêndios no Pantanal neste ano, segundo o professor de Climatologia, Rodrigo Marques, do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso. “As queimadas são o método mais barato para limpeza de áreas. E, por isso, é utilizada sobretudo no preparo das áreas para pastagens. A pecuária é uma atividade muito forte no Pantanal. E, junta-se a isso, a inoperância do Ibama. O Ibama vem sendo desmontado, seu poder de fiscalização vem sendo diminuído. Tivemos nesse ano uma tragédia sem precedentes na história do Pantanal”.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, negou, em entrevista ao programa Pânico da Jovem Pan, que a falta de fiscalização seja um fator determinante para o avanço das queimadas. Para o ministro, a liberação da queima controlada, fora do período seco, ajudaria a minimizar o problema. “Quando você proíbe de limpar o pasto, de fazer o uso do fogo preventivo em período adequado, o chamado fogo frio, vai acumulando massa orgânica. E, quando pega fogo, pega fogo em um volume tal que ninguém controla”. Com a chegada da primavera, que tradicionalmente marca o início da temporada de chuvas na região, a expectativa é que esse capítulo em chamas da história do Pantanal fique logo no passado.
Fonte (Jovem Pan)