A diretora-geral adjunta de acesso a medicamentos e produtos farmacêuticos da Organização Mundial da Saúde (OMS), de médica brasileira Mariângela Simão, disse que o mundo está entrando em uma quarta onda da pandemia de covid-19.
“Estamos vendo a ressurgência de casos de covid-19 na Europa. Tivemos nas últimas 24 horas mais de 440 mil novos casos confirmados. E isso que há subnotificação em vários continentes ”, disse.
“O mundo está entrando em uma quarta onda, mas as regiões têm um comportamento diferente em relação à pandemia”, afirmou Mariângela Simão durante a conferência na abertura no Congresso Brasileiro de Epidemiologia na segunda-feira, 22.
Simão chamou atenção para a situação na Europa, onde alguns países têm retomado medidas restritivas por conta do aumento de casos.
“Na região das Américas, há uma transmissão comunitária continuada, com pequenos picos, enquanto a Europa está entrando de novo em uma ressurgência de casos”, explicou.
Segundo ela, à abertura e flexibilização das medidas de distanciamento no verão, além do uso inconsistente de medidas de prevenção em países e regiões contribuíram para o cenário atual.
Europa
A OMS vê com grande preocupação os números de covid-19 voltando a subir em países da Europa e faz um alerta para a situação.
Em entrevista à BBC, o diretor europeu da organização, Hans Kluge, afirmou que 500 mil mortes podem ocorrer até março do ano que vem caso medidas urgentes não sejam adotadas.
Segundo Hans Kluge, o inverno e a baixa cobertura vacinal foram responsáveis pelo aumento dos casos e medidas de saúde pública precisam ser retomadas, como o uso de máscara de proteção facial, para conter uma onda de infecções.
Além disso, ele pediu que mais pessoas sejam vacinadas, mas disse que a vacinação obrigatória deve ser o último recurso.
O alerta surge no momento em que vários países relatam taxas de infecção e adotam novas restrições. A Áustria, por exemplo, retomou o bloqueio nacional e foi o primeiro país a impor a vacinação obrigatória para toda a população adulta.
Na França, a situação da quinta da covid-19 também preocupa. Segundo o governo do país, ela se propaga a uma velocidade “vertiginosa”. Na média calcula em sete dias, o número diário de corrigido dobrou, atingindo 17.153 casos positivos no último sábado (20) contra 9.458 na semana anterior.
Na Alemanha, o ministro da Saúde, Jens Spahn, explicau a situação como uma “emergência nacional” e disse que não descarta um novo bloqueio.
Brasil
Situação diferente vive o Brasil, que no momento vê o número de casos e de mortes despencarem. Nesta segunda-feira, 22, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que o que acontece na Europa não vai acontecer aqui, mas reforçou o pedido para as pessoas tomarem a segunda dose da vacina.
“Aqueles que não tomaram uma segunda dose venham tomar. E aqueles que já estão na época de tomar uma dose de reforço devem ir às Unidades Básicas de Saúde. Então, vamos fazer isso, que o que acontece na Europa não vai acontecer no Brasil. Pelo menos essa é a nossa esperança ”, disse Queiroga.
Porém a médica Mariângela Simão disse estar receosa quanto ao futuro do Brasil, principalmente por conta das atividades em curso sobre o Carnaval.
“Me preocupa quando vejo no Brasil a discussão sobre o Carnaval. É uma condição extremamente propícia para aumento da transmissão comunitária. Precisamos planejar como ações para 2022 ”, alertou.
Fonte Catraca Livre