O Ministério Público Estadual ajuizou, nesta quinta-feira, uma ação civil pública, com pedido de liminar, para que o Município de Porto Alegre apresente o detalhamento de um plano de contingência que evite o colapso do atendimento hospitalar em meio à pandemia de coronavírus.
Para os promotores que subscrevem a ação, a Prefeitura falha em demonstrar à população quais medidas vai adotar a partir de agora. O MP cobra estratégias, ações, providências, indicação das pessoas jurídicas e discriminação de serviços que serão contratados; demonstração dos valores do Fundo Municipal de Saúde utilizados (especificando os serviços e instituições para os quais serão destinados), e a definição de medidas a curto, médio e longo prazo, a serem postas em prática entre o fim de julho e depois de setembro.
Para a promotora Liliane Pastoriz, o prefeito Nelson Marchezan Jr. vem alertando que o sistema de saúde vai entrar em colapso mas, apesar de ter tido tempo hábil, não esclarece quais medidas vai tomar para “evitar a situação extrema”.
Na ação, o MP também pede que o plano de contingência seja divulgado e atualizado nos sites da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Saúde.
“A curva de pacientes suspeitos e confirmados de infecção pela Covid-19, assim como a ocupação dos leitos de UTI, aumentou sem que todas as medidas apontadas na reunião tenham sido implementadas”, ressaltou Liliane, em referência a um encontro que teve em 8 de julho com o secretário municipal da Saúde, Pablo Stürmer.
Recorde
As UTIs dos hospitais de Porto Alegre atingiram, nesta quinta, mais um pico de internações por coronavírus. Pelo menos 291 pacientes recebem atendimento nas unidades com algum sintoma da doença. Há 251 pessoas internadas com o diagnóstico confirmado e 40 ainda aguardando laudo. O recorde havia sido registrado na terça-feira, quando havia 278 pessoas nessa situação, com 238 confirmações. Pela primeira vez desde o início da pandemia de coronavírus, o índice de ocupação bateu 90%, chegando hoje a 90,85%.
Os dois hospitais referência para a Covid-19 na capital atingem quase 100% de ocupação em leitos de UTI. O Hospital Nossa Senhora da Conceição registra 97,33%, com apenas dois leitos disponíveis. Dos 75 existentes, há 73 ocupados, 44 por pessoas com a enfermidade. Já o Hospital de Clínicas atende 77 pessoas com algum sintoma da doença, tendo atingido 89,33% da lotação, que conta 152 leitos no total.