Laudos preliminares da perícia indicam que o menino Rafael Winques, 11 anos, morto em Planalto (a 350 km de Porto Alegre), no noroeste gaúcho, morreu por asfixia após ser estrangulado com uso de corda. Ele desapareceu no dia 15 de maio.
Segundo o delegado do caso, Ercílio Carletti, o laudo mostra uma contradição no depoimento da mãe, Alexandra Dougokenki. Ela havia confessado a morte, porém tinha dito que o filho morreu após receber uma medicação para acalmá-lo, sem que tivesse a intenção de matá-lo.
O resultado preliminar desmente essa versão. “Quando vimos o corpo, percebemos que se tratava de um homicídio qualificado e não culposo (sem intenção)”, disse Carletti.
O garoto foi encontrado no final da tarde da última segunda-feira (25) em uma caixa de papelão, com pés e mãos amarrados, coberto por retalhos.
O corpo do menino estava em uma casa ao lado da residência da família, onde moravam a mãe, o menino e um irmão, de 16 anos. A mãe e o pai de Rafael são separados. Ela tem um namorado que não morava no local. “Estamos investigando todo mundo”, afirmou o delegado.
Rafael Winques desapareceu no dia 15 de maio e as buscas mobilizaram os moradores de Planalto, no interior do Rio Grande do Sul.
Presa na última segunda, a mãe não esboçou emoção ao relatar o suposto sumiço da criança quando foi visitada em casa pela promotora que acompanha o caso. A visita ocorreu de surpresa, na semana passada, antes da confissão.
“O que me chamou muito atenção foi a falta de emoção da mãe quando ela relatou esses fatos (da noite do suposto desaparecimento). Era uma coisa muito coerente, organizada. Em momento algum, do tempo que fiquei lá, uma hora e pouco, ela se emocionou, chorou ou esboçou sentimento”, disse a promotora Michele Taís Dumke Kufner.
“Apesar de ter me chamado atenção, (a frieza) não foi um fator determinante em um primeiro momento porque ela poderia estar esgotada emocionalmente e sem conseguir esboçar reação”, explicou a promotora.
Segundo relatos de conhecidos, Rafael era um garoto estudioso, tranquilo e que não se queixava da mãe. Adultos que conheciam a criança relataram à promotora que ele era assíduo na escola e que parecia bem cuidado, com roupas adequadas ao clima frio da região e bem alimentado.
Essas características mostram uma diferença importante em relação ao caso de Bernardo, morto aos 11 anos em 2014. Bernardo tinha histórico de negligência por parte da família, com passagem pelo Conselho Tutelar e audiência na Justiça que pediu mais atenção do pai. Em Três Passos, no interior do Rio Grande do Sul, o garoto era conhecido por perambular com roupas velhas, com fome e passando dias fora de casa sem que fosse procurado.
Em 2019 foram condenados o pai do garoto, o médico Leandro Boldrini (33 anos e oito meses de prisão), a madrasta, a enfermeira Graciele Ugulini (34 anos e sete meses), sua amiga, a assistente social Edelvânia Wirganovicz (23 anos), e o irmão da amiga, Evandro Wirganovicz (9 anos e seis meses).
Fonte O Tempo