A Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA) recebeu mais uma denúncia contra o morador de um condomínio no bairro Harmonia, em Canoas, que já é investigado por duas acusações de estupro contra crianças. É a terceira vítima.
O investigado ainda não prestou depoimento. A vítima procurou a DPCA na última quinta-feira (4) para registrar a ocorrência. Conforme apurado por Agência GBC, a vítima tem oito anos.
Procurada, a defesa do investigado diz desconhecer essa terceira e vítima e que, em relação as outras duas denúncias, o homem é inocente. (LEIA NOTA ABAIXO)
Entenda o caso
O empresário Juliano Fontana foi o primeiro a denunciar no caso. Pai de uma menina de 9 anos, ele descobriu que a filha sofria abusos há quatro anos. “Ela contou para uma amiguinha na escola. Depois disso, a direção nos chamou e nos contou o ocorrido”, conta.
Juliano e a família tinham uma relação de amizade com o acusado há mais de 10 anos. “Chegamos a viajar juntos para Santa Catarina.” Ele conta que os abusos só tiveram um fim quando a criança descobriu que o que estava acontecendo era errado. “Ela ia na casa para brincar com o filho dele. Um dia, ele tentou levar ela para o quarto e ela deu um tapa na cabeça dele”, relata ao ressaltar o que sentiu quando descobriu o crime. “Descobrimos há mais de um mês e o delegado pediu para mantermos a maior descrição possível para não alertar ninguém.”
Com o avançar da investigação, Juliano procurou Sheila Breitembach, que tem uma filha de oito anos. “A filha dela fazia parte do mesmo círculo de amizade do filho dele e da minha.” A advogada esperou a filha chegar em casa e fez o questionamento. “Ela me contou detalhes. A minha filha disse que ele botava a mão por dentro da calça e botava ela no colo dele.”
Sheila destaca que nunca desconfiou da conduta do acusado e da família dele. “Era uma família de confiança que nós conhecíamos aqui no condomínio há mais de 10 anos. O filho deles vivia na minha casa, nossos filhos eram amigos. A gente convivia no condomínio, tomávamos mate junto. Uma família super decente ao olho de todos que a gente podia confiar os filhos a dormir na casa deles, porque o condômino é para ser um lugar seguro, não onde tua filha é abusada.”
Manifestação
Centenas de pessoas protestaram na última sexta-feira (5) contra o advogado acusado por vizinhos e investigado pela Polícia Civil de abusar sexualmente de duas crianças dentro de um condomínio no bairro Harmonia. Todos pediam por justiça.
Bastante emocionada, Sheila recebeu abraços de amigos e diversos outros moradores de Canoas que também pedem por justiça. “O sentimento hoje é de culpa porque eu não consegui proteger minha filha.”
Sheila conta que a filha segue a rotina normal de estudos e brincadeiras, mas que ela, como mãe, ainda está bastante preocupada com tudo isso. “Como mãe eu ainda tenho a culpa. Eu sei que é para eu não me sentir culpada, mas a gente não controla os sentimentos. O sentimento hoje é de culpa. Eu acho que eu sei que não é minha culpa.”
A manifestação durou cerca de duas horas.
Leia na íntegra a nota da defesa
Representando os interesses do casal suspeito de estuprar crianças do Município de Canoas, do qual a mídia noticia desde a última semana de outubro de 2021, necessários se fazem os seguintes esclarecimentos:
Tanto o casal quanto a defesa ainda não tiveram acesso a quaisquer expedientes policiais ou judiciais para conhecimento do que tramita em seu desfavor; mesmo assim, nada os impede, de antemão, de dizer da sua mais absoluta inocência frente aos casos do qual estão sendo incriminados.
Por não haver fatos ou atos a ocultar das autoridades, o casal entregou à Polícia Civil todos os seus dispositivos eletrônicos para avaliação, a fim de colaborar com as investigações e respaldar sua postura inegavelmente íntegra, permanecendo à disposição para cooperar com aquilo que lhes estiver ao alcance.
O casal lamenta profundamente os casos de violência sexual pelo qual crianças referiram haver passado e, como pais e cidadãos dignos que são, irmanam-se à dor dos familiares que estão precisando de conforto emocional e de respostas jurídicas, entendendo que os culpados precisam responder com os rigores da lei.
O caso expôs desnecessariamente o casal a um linchamento virtual com uma enxurrada de ameaças, o que lhes está sendo terrivelmente perturbador; visandolhes preservar a integridade física e emocional, roga-se que, a partir de agora, os meios de comunicação contatem ao Advogado subscritor, caso interessados em mais informações ou esclarecimentos, que fará empenho para atender a todos naquilo que lhe for viável e que não prejudique o curso das investigações.
Atenciosamente,
SAMUEL AGUIAR DA CUNHA,
Advogado – OAB/RS 79.256