Em entrevista ao Jornal Nacional, realizada na noite desta quinta-feira, 25, o ex-presidente e candidato à eleição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticou a Lava Jato, rebateu acusações de corrupção nos seus governos, reconheceu erros na gestão de Dilma Rousseff e ironizou mais de uma vez o presidente Jair Bolsonaro (PL), seu principal rival na disputa ao Palácio do Planalto.
Ele é o terceiro presidenciável a participar da série de entrevistas promovida pela TV Globo.
O apresentador William Bonner começou a entrevista questionando o ex-presidente sobre os escândalos de corrupção durante seu governo, e citou que Lula foi absolvido referente ao caso do Triplex.
O entrevistador pergunta como o candidato vai convencer os eleitores que os escândalos não irão se repetir.
“Durante cinco anos eu fui massacrado e estou tendo a primeira oportunidade de falar sobre isso [Triplex].
Eu queria começar dizendo uma coisa muito séria. Foi no meu governo que a gente criou o Portal da Transparência, colocou a CGU para fiscalizar, que a gente criou a Lei de Acesso à Informação, a Lei Anti-Corrupção, contra o crime organizado”, disse.
“Qualquer hipótese de alguém cometer qualquer crime, por menor ou maior que seja, essa pessoa será investigada, será julgada e punida ou absolvida. Assim que você combate a corrupção no País. Corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada”, acrescentou.
Ele aproveitou a ocasião e criticou a Lava-Jato. Afirmou que foi um equivoco, pois “enveredou por um caminho político delicado”. Segundo Lula, o caso ultrapassou o limite da investigação e entrou na política
“O objetivo é Lula, tentar condenar o Lula. No primeiro depoimento que eu fui dar ao Moro eu falei: ‘Moro, você está condenado a me condenar porque você permitiu que a mentira fosse longe demais. […] Por conta da Lava-Jato tivemos milhares de desempregados. Uma das queixas que eu tenho com a Lava-Jato é que jogaram o nome do MP na lama”, afirmou.
Quanto a corrupção, caso seja eleito, ele afirmou que não há hipótese de alguém não ser investigado se estiver cometendo algum crime, por menor que seja. “Esta pessoa será investigada, julgada, punida ou absolvida”.
Segundo o candidato, um dos mecanismos para manter seu governo sem corrupções foi escolher a lista tríplice da Procuradoria-Geral da República (PGR), para que ninguém seja beneficado durante alguma investigação. Lula afirmou que não quer um procurador leal a ele, e sim ao povo brasileiro.
“Se eu ganhar as eleições antes da posse eu vou conversar com o MP para definir o que é importante para eles e para o povo. Eu não quero amigos no MP, na PF, no Itamaraty, eu quero pessoas sérias, responsáveis, competentes[…]. O Bolsonaro interfere na PF, ele troca qualquer diretor na hora que ele quer, basta que ele não goste. Eu nunca fiz isso. Eu quero voltar, porque quero ser melhor do que fui”.
O ex-presidente também admitiu corrupção na Petrobras, mas acusou o Ministério Público de “oficializar o roubo” com delações premiadas. “Não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram. O que é mais grave é que as pessoas confessaram e, por conta das pessoas confessaram, ficaram ricas”.
Lula ainda ironizou os sigilos de 100 anos decretados por Bolsonaro em informações públicas. Durante a entrevista, também afirmou que o presidente é refém do Congresso, e “parece o bobo da corte”, pois não “manda em nada”. “Acabou o presidencialismo, o Bolsonaro não manda nada, ele sequer cuida do orçamento. Isso nunca aconteceu antes”.
Além disso, criticou a postura do governo Bolsonaro com relação a políticos adversários. “Feliz era o Brasil e a democracia brasileira quando a polarização deste país era entre PT e PSDB. A gente era adversário político, trocava farpas, mas não se tratava como inimigo”.
Ao ser questionado por Bonner se sua fala “nós e eles” quando era presidente também não foi um estímulo a polarização, ele afirmou que nunca incentivou o ódio.
O candidato também foi questionado sobre o mandato de Dilma Rousseff, apontou os erros dela, mas defendeu a também ex-presidente. “A Dilma é uma das pessoas que tenho mais respeito pela competência e pela ajuda que me deu quando eu era da Casa Civil. Ela fez um mandato extraordinário”, afirmou.
Ao ser questionado sobre como evitar os escândalos de corrupção que as alianças com o chamado Centrão trouxeram à tona em seu primeiro mandato, Lula apontou que não há como se estabelecer como presidente sem conversar com o Congresso Nacional, mas que para evitar escândalos, é preciso denunciar.
“O Centrão não é um partido político. Para evitar escândalos de corrupção como antes tem que punir as pessoas, denunciar. Eu acho muito importante denunciar, por isso defendo uma imprensa livre”.
Fonte: Redação Terra