Litoral Gaúcho tem registro raro de desova da maior espécie de tartaruga marinha

Litoral Gaúcho tem registro raro de desova da maior espécie de tartaruga marinha

O Litoral Norte do Rio Grande do Sul teve, nesta semana, um registro raro de desova de tartaruga marinha. Uma fêmea da espécie tartaruga-de-couro, que é a maior de todas, fez um ninho na praia em Arroio do Sal. Em quase 18 anos, os pesquisadores do Centro de Estudos Costeiros Limonológicos e Marinhos (Ceclimar) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), constataram apenas quatro casos de desova de tartarugas nas praias da região.

Na noite de segunda-feira (11), Willian Lando Czeikoski fotografou e registrou em vídeo (veja abaixo) a tartaruga-de-couro na beira da praia, no momento em que ela cavava o ninho, nas imediações da guarita 40, perto do farol. Os profissionais do Ceclimar foram avisados e, nessa terça-feira (12), estiveram no local. “Ela desovou na duna frontal, bem atrás de um quiosque, fez dois buracos embaixo, onde ela não desovou, e depois desovou mais em cima”, disse o biólogo e pesquisador Maurício Tavares.

A área onde está o ninho foi cercada, com a ajuda dos guarda-vidas e da Secretaria do Meio Ambiente de Arroio do Sal. Placas de sinalização devem ser instaladas no local e os guarda-vidas estão auxiliando os pesquisadores no monitoramento.

Os cientistas coletaram material para análise e para a coleção científica do Museu de Ciências Naturais do Ceclimar. Três ovos foram recolhidos e serão incubados em laboratório. São, em média, 100 em cada ninho. Os filhotes nascem depois de um período de dois a três meses de incubação na areia.

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Local do ninho foi isolado com apoio dos guarda-vidas. Foto: Lucas Antonio Morates / Ceclimar

Pesquisadores da UFRGS analisaram o local do desova. Foto: Lucas Antonio Morates / Ceclimar

A bióloga e pesquisadora Cariane Trigo, especialista em tartarugas marinhas, explicou ao Litoral na Rede que as desovas são raras no Rio Grande do Sul e que, no caso da tartaruga-de-couro, os ninhos se concentram no Litoral Norte do Estado do Espírito Santo, próximo à foz do Rio Doce.

“Ela, normalmente, desova só no Espírito Santo, então ela é criticamente ameaçada de extinção no Brasil, porque ela tem poucas desovas durante a temporada reprodutiva, que vai de setembro a março e são bem localizadas naquele estado”, explicou Cariane.

De acordo com o projeto Tamar, a cada temporada de desova são aproximadamente 120 ninhos no Brasil. “E ali onde ela desova é onde estava desaguando toda a carga de metais pesados dos acidentes em Brumadinho e Mariana, na foz do Rio Doce”, salientou a bióloga do Ceclimar.

A tartaruga-de-couro, também conhecida como tartaruga-gigante, tem nome científico de Dermochelys coriacea. Ela chega a pesar 400 quilos e medir até 1,80 metro. Cariane explicou que esta espécie é a terceira com maior ocorrência na costa gaúcha.

“A gente, aqui no Rio Grande do Sul, tem registros de todas as espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, sendo que as que mais ocorrem são a tartaruga-cabeçuda, a tartaruga-verde e depois a tartaruga-de-couro. Essa última espécie vive em águas distantes da costa, diferente das outras, por isso é mais raro o encalhe do que as outras duas”, detalhou a pesquisadora da UFRGS.

VEJAM O VÍDEO

De acordo com registros do Ceclimar, desde 2003, houve apenas quatro desovas de tartarugas marinhas no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Em relação aos ninhos de tartaruga-de-couro, este é o segundo relato. O primeiro é mais antigo e ocorreu no século passado.

“Há desovas esporádicas, que são raras, em lugares diferentes de onde elas costumam desovar. Então, já teve desova no Rio Grande do Sul, há muitos anos atrás, e há registros em Santa Catarina e no Paraná”, informou a bióloga Cariane Trigo, sobre as tartarugas-de-couro.

Ninho da tartaruga-de-couro em Arroio do Sal. Foto: Lucas Antonio Morates / Ceclimar
Em 2003, os pesquisadores registraram uma desova de uma tartaruga-cabeçuda. O ninho, na praia de Rondinha, em Arroio do Sal, tinha aproximadamente 100 ovos, e cerca de 20 filhotes nasceram e seguiram para o mar.

Apenas 15 anos depois, em 2018, houve um novo caso. Uma tartaruga-oliva desovou na praia de Arroio Teixeira, no município de Capão da Canoa. Em novembro de 2020, foram constatados rastros da desova de outra tartaruga-cabeçuda, em Xangri-Lá, mas o ninho não foi localizado pelos pesquisadores

Fonte Litoral na Rede

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