O ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, um dos acusados pela morte de Henry Borel, de apenas 4 anos, foi interrogado nesta segunda-feira, 13, na 2ª Vara Criminal do Rio de Janeiro.
Ele e Monique Medeiros, sua namorada à época do óbito do menino, em março de 2021, são acusados pela morte de Henry, que é filho dela.
No dia 9 de fevereiro, os dois acusados seriam ouvidos, mas Dr. Jairinho optou por ficar em silêncio. Em sessão realizada no dia 22 de março, os desembargadores da 7ª Câmara Criminal acolheram o pedido da defesa do ex-vereador para que fossem ouvidos o perito Leonardo Huber Tauil e seu assistente técnico Sami El Jundi, antes do interrogatório dos réus, audiência que aconteceu no dia 1º.
O interrogatório começou com cerca de duas de atraso, por volta das 11h30. Jairinho se recusou a responder perguntas do Ministério Público e do assistente de acusação. A juíza Elizabeth Machado Louro informou o réu sobre o direito de ficar em silêncio constitucionalmente garantido e que ele poderia responder somente às perguntas que quisesse.
Jairinho iniciou sua fala, fazendo um restrospecto de sua vida desde a infância até os relacionamentos afetivos que teve, dos filhos e de seu namoro com Monique. Ele negou com veemência qualquer agressão contra o menino durante a audiência.
“Eu juro por Deus, pela minha alma, pelos meus filhos, por tudo mais sagrado nesse mundo, eu não fiz nada com o Henry. É errado o que está acontecendo comigo, eu estou sendo injustiçado”, disse ele em determinado momento do interrogatório.
O ex-parlamentar chorou ao dizer que um raio-x, apresentado na última audiência, prova a sua inocência. Segundo ele, foi um pneumotórax que acabou deslocando o coração de Henry para o lado direito do peito.
Jairo também afirmou que Henry estava passando por tratamento com uma psicóloga infantil e que se houve agressões contra o menino, ele iria saber. Ele alegou que toda noite ora dentro da cadeia, para que seja provada sua inocência. “Toda noite combino com a minha família, às 21h, meus filhos, todos eles, para que a verdade apareça, para mostrar que eu sou inocente”.
Por diversas vezes, durante a audiência, o ex-vereador questionou a veracidade do laudo oficial feito pela perícia. “Eu não sei como o doutor Leonardo Tauil (perito) e como o doutor Damasceno (delegado à frente do caso) botam a cabeça no travesseiro e dormem. Eu não fiz nada com o Henry. Eu estou sendo injustiçado”, alegou.
Ainda durante audiência, houve uma breve discussão entre o advogado de defesa do acusado e de Monique Medeiros. Jairinha também afirmou que tinha uma relação perfeita com Monique e que ela era uma ótima mãe, além de alegar que sempre fez de tudo para agradar o enteado, Henry.
Se negou a responder acusação
O interrogatório de Jairinho foi feito por sua defesa e pela juíza Elizabeth Machado Louro. A audiência terminou após mais de sete horas de oitivas. Orientado pelo seu advogado, ele se recusou a responder as perguntas da acusação.
No final do depoimento, ele afirmou que “só pede que seja feita justiça” e que “está perdendo a vontade de viver”.
Defesa tentou suspender interrogatório
O desembargador Joaquim Domingos de Almeida Neto, da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio negou, na sexta-feira (10), o pedido de liminar da defesa do ex-vereador Jairinho para suspender a audiência para o seu interrogatório nesta segunda.
Os advogados de Jairinho alegaram cerceamento de defesa em razão de o juízo da 2ª Vara Criminal da Capital ter indeferido o pedido para ouvir três médicas que assistiram a vítima do feito no Hospital Barra D’Or; o radiologista do referido hospital; os técnicos de necropsia que atuaram no exame de necropsia realizado na vítima; e a perita legista Gabriela Graça Suares Pinto, para, somente então, marcar nova data para o Jairinho prestar depoimento.
Na decisão, que manteve o interrogatório de Jairinho para esta segunda, o desembargador destacou que as três médicas e o radiologista já haviam prestado depoimento e que as demais testemunhas não foram requisitadas no momento adequado.
“Ademais, na decisão, a magistrada aponta que as três médicas que assistiram a vítima no Barra D’Or, bem o radiologista do mesmo hospital, responsável pelas chapas do pulmão realizadas, já foram ouvidos e as demais não foram arroladas no momento adequado. Bem por isso, primo icto oculi, parece inexistir qualquer cerceamento à plenitude de defesa que mereça correção em juízo liminar. ”
O desembargador frisou que o direito à ampla defesa não assegura o deferimento de ações protelatórias na tramitação do processo.
“Se assegurar plenitude de defesa não pode levar ao absurdo de eternizar o processo, escavucando o nada a cada vez que o processo chega próximo ao seu desate, pedindo a produção de novas provas. Nesta toada, indefiro a liminar. ”
Fonte Terra