Em agosto de 2019, a sede administrativa foi destruída pelo fogo
Setembro de 2019. A dona de casa Maria Madalena Martins, 57 anos, vai até o Cemitério Municipal de Gravataí visitar o túmulo da mãe e colocar em dia o carnê de prestações do jazigo onde a ente descansa há uma década. Ocorre tudo bem com a visita, porém acaba sendo informada que a administração do local pegou fogo. “Perguntei sobre o registro de onde estava a minha mãe e não souberam informar nada”, conta. “Falaram que os registros foram queimados.” Sim, um incêndio na madrugada de 29 de agosto destruiu a administração. De saída, falou-se que a culpa seria de jovens que queriam fazer um “ritual” no local.
Entretanto, hoje a Polícia Civil tem uma suspeita bem diferente. O incêndio no Cemitério Municipal pode ter sido calculado para destruir mesmo documentos.
Tudo isso para acobertar um esquema criminoso envolvendo a venda ilegal de sepulturas. De acordo com o delegado Marcio Zachello, que responde pela 1ª Delegacia de Polícia (DP), são apurados vários casos de venda irregular de sepulturas no cemitério que fica no Centro. O esquema funciona com pagamentos feitos por uma via alternativa, que não é a dos boletos cobrados regularmente.
Zachello ainda não tem uma estimativa de quantas das sete mil sepulturas e duas mil “gavetas” estariam fazendo parte da fraude. “É muito cedo ainda para falar, mas o crime existe e está sendo investigado desde o ano passado”, confirma.
E sobre o incêndio, a hipótese de crime sempre foi clara. Porém, somente agora surgem evidências que apontam o comprometimento da estrutura por conta da falcatrua administrativa. “Não dá para descartar esta hipótese, já que existe a suspeita de participação de funcionários do cemitério no tal esquema.”
Fonte Jornal NH