Às 18h desta segunda-feira (20), os hospitais de Porto Alegre registravam uma taxa de 90,32% de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo que, dos 756 leitos disponíveis na cidade, 281 eram ocupados por pacientes que testaram positivo para covid-19 e outros 43 por pacientes ainda considerados como suspeitos. Levando em conta apenas as três principais unidades de referência para o tratamento de covid-19 na rede pública, a taxa de ocupação é superior, variando entre 93,33% e 95,38%
Instituição com o maior capacidade de leitos de UTI da Capital, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) operava na tarde desta segunda com 95,33% de ocupação dos seus 152 leitos de UTI adulto operacionais, sendo que 87 deles eram ocupados por pacientes que testaram positivo para covid-19 e outros quatro por pacientes considerados suspeitos.
Em nota divulgada nesta segunda, o HCPA informa que está adotando medidas referentes à fase 4 do Plano de Contingência Coronavírus (PCCo). Isso significa o fechamento de mais salas no Bloco Cirúrgico e Centro Cirúrgico Ambulatorial; a limitação de cirurgias e procedimentos diários, o que inclui casos considerados como essenciais; a suspensão de todos os transplantes não urgentes; a convocação do corpo clínico para atuação em outras funções; e o fechamento de associações internas que funcionam no hospital.
O HCPA informa ainda que a manutenção da taxa de ocupação de leitos de UTI entre 95% e 98%, verificada nos últimos dias, impossibilita o hospital de receber novos casos, pois a capacidade ociosa do momento supre apenas a demanda de pacientes já internados. Segundo o Clínicas, o Sistema de Gerenciamento de Internações (Gerint) registrava na manhã desta segunda 41 pedidos por leitos de CTI-covid. “Esta situação se reproduz nos outros hospitais da rede, retardando a admissão desses pacientes nos CTIs, o que agrava sua condição clínica”, diz nota do hospital.
Segundo hospital de referência para covid-19 da cidade, o Hospital Conceição também estava com uma taxa de ocupação de 93,33% nesta segunda, com 41 dos 75 leitos de UTI operacionais ocupados por pacientes que testaram positivo para covid-19 e dois por pacientes com suspeita de contaminação. Segundo o diretor-técnico do Grupo Hospitalar Conceição, Francisco Paz, a instituição está operando próximo à capacidade máxima de atendimento há dez dias. Nesta manhã, a enfermaria de suspeitos de covid-19 estava totalmente ocupada e a enfermeira de confirmados estava com 75% de ocupação.
Paz afirma que a lotação é reflexo do aumento da procura pelo setor de triagem, que recebeu 83 pacientes, e pela emergência, que recebeu 69. O GHC registrou 38 novas internações no período. Além disso, a UPA Moacyr Scliar, que atende a zona norte de Porto Alegre e é administrada pelo GHC, atingiu a sua lotação máxima, com 12 pacientes de covid-19 aguardando vagas em hospitais para serem internados, o que gerou a orientação para que os usuários procurem outras unidades de saúde. Contudo, ele destaca que a capacidade de atendimento ainda não extrapolou o limite. “Nós observamos que a demanda está se mantendo alta, ela não está subindo, digamos assim, de uma forma muito aguda, mas está se mantendo alta e está se mantendo preocupante”, diz.
O diretor-técnico diz que o GHC está fazendo um esforço interno para adequar a capacidade de rotatividade de pacientes e procurando soluções para aumentar o número de leitos. “O maior problema é a falta de profissionais. Profissionais, medicamentos e equipamentos. Até que equipamentos e área física não é o nosso maior problema, o nosso maior problema é a equipes de profissionais. A gente está buscando alternativas, tentamos fazer um concurso, não tivemos muito sucesso, poucos aprovados, poucos interessados em assumir”, afirma.
Uma alternativa que está sendo estudada pelo GHC é estender as jornadas de trabalho dos médicos intensivistas que já atuam na instituição. “É o que nos sobra, porque não tem profissionais na praça, não temos no nosso grupo, apesar de termos mil e duzentos médicos, intensivistas, pessoas que tenham habilidade para manejar uma unidade de tratamento intensivo, principalmente nesta situação, que exige uma expertise grande”, diz Paz.
Com o grande aumento da demanda por leitos de UTI para pacientes de covid-19, o Complexo Hospitalar Santa Casa passou, em 24 de junho, a ser o terceiro hospital de referência para o atendimento de casos da doença na rede pública. Na ocasião, o total de pacientes de covid-19 internados em UTIs de Porto Alegre era de 107.
Inicialmente, a instituição disponibilizou 28 leitos de UTI. Esse número foi aumentando e, na semana passada, a Santa Casa estava operando com 48 leitos de UTI dedicados exclusivamente aos pacientes da covid-19. Durante o final de semana, foram abertos oito novos leitos, totalizando 56. Nesta segunda, a instituição já internava 47 pacientes suspeitos de covid-19 e outros 8 suspeitos, totalizando 55 entre suspeitos e confirmados. A taxa de ocupação dos 109 leitos do Complexo Hospitalar Santa Casa estava em 93,58%.
Segundo informou a direção da Santa Casa na última sexta-feira (17), outros 17 leitos devem ser abertos nesta terça-feira (21) e mais 15 no dia 31 de julho. Ainda assim, a direção alerta que a demanda por internações têm sido tão rápida quanto ou maior que a capacidade de abertura de novas vagas.
“O que observamos é que, mesmo com a capacidade de ampliação de leitos sendo acentuada, o crescimento da ocupação das unidades assistenciais também tem sido exponencial. O fato é que a população deve respeitar os decretos públicos e as orientações dos profissionais de saúde, pois percebe-se que ainda há um número grande de pessoas circulando e aglomerações ocorrendo, o que não é desejável neste período da pandemia. Determinadas restrições neste momento são fundamentais para evitarmos um cenário que exija medidas mais drásticas mais adiante”, diz nota divulgada pela Santa Casa.
Créditos da foto da notícia: Divulgação | Palácio Piratini.
Luís Eduardo Gomes | Sul21