Ocorrência foi registrada como constrangimento na polícia, que também investiga o caso.
A Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania de São Paulo comunicou que abriu um processo administrativo para investigar o caso no qual um homem foi obrigado a tirar uma roupa para provar que não tinha furtado em um supermercado de Limeira (SP), na sexta-feira ( 6).
Segundo o registro policial, o homem foi abordado por duas seguranças que suspeitaram que o cliente havia furtado produtos da loja na tarde de sexta. O caso ocorrido na rede atacadista Assaí, que fica no Centro da cidade. Outros clientes filmaram trechos da abordagem e o momento em que ele tira a roupa. As imagens mostram o homem em um canto da loja, somente de cueca, muito nervoso. Ele começou a chorar e precisar ser acalmado pelos próprios funcionários.
A investigação do estado será feita pela Comissão Especial – Discriminação. O representante do supermercado será ouvido e, ao fim do processo administrativo, o estabelecimento poderá receber como penalidade desde uma multa até a suspensão ou cassação da licença estadual de funcionamento. “Neste momento, os técnicos da Secretaria da Justiça estão em busca de informações que constam do boletim de ocorrência feito pela Polícia Civil para instruir o processo administrativo”, diz a nota oficial da pasta.
A esposa do homem disse, que o marido tinha ido ao supermercado para pesquisar preços e acabou optando por não comprar nada. Na saída, foi abordado pelos funcionários do local, que o que fez tirar da roupa para provar que não havia levado produtos sem pagar.
O advogado da vítima, Diego Souza, disse que os seguranças chegaram a pedir que ele tirasse a camisa. “Nesse momento, ele tirou a camiseta e ficou só de calça. Ele já estava nervoso, chorando, completamente transtornado por conta da situação. Nesse momento ele tirou a calça, ficou só de cueca. Não pediram para retirar toda a roupa […] Mas, diante da situação, até a defesa dele, para ele provar que não estava com nada, porque até o momento que ele tinha tirado a parte de cima da roupa e ficou com uma calça os seguranças ainda desconfiavam dele, nesse momento ele tirou a roupa ”, explicou o defensor.
A rede atacadista Assaí informou, em nota, que a abordagem foi feita por um funcionário e um segurança terceirizado. Como decisão imediata, ainda no final de semana, foi aberto um processo interno de apuração, realizado o afastamento do empregado responsável pela abordagem e, nesta segunda-feira (9), formalizada sua demissão.
Já o segurança da empresa terceirizada foi a operação da operação. A rede disse, ainda, que não adota e nem orienta abordagens constrangedoras a clientes. A ocorrência foi registrada na polícia como constrangimento no dia seguinte, sábado (7), por não haver provas de injúria racial contra os funcionários.
Em nota, a Polícia Civil disse que a natureza da ocorrência foi tipificada com as informações passadas no momento do registro e que pode ser alterada no decorrer das investigações. O caso é investigado pelo 1º DP de Limeira. Equipamentos da unidade buscam imagens e a identificação de testemunhas e demais afetados nos fatos. A vítima será ouvida para dar mais detalhes sobre o caso, assim como as seguranças.
“Eu não tenho elementos para falar pra você: foi racismo ou foi injúria racial. O que nós vamos fazer é tomar todas as medidas, todo procedimento cabível que a gente tem ao nosso alcance para investigar se esse caso está ligado a racismo ou injúria racial ”, apontou o advogado da vítima.
Fonte Beto Ribeiro