A Polícia Civil acredita que entre hoje e quinta-feira será trazido ao Rio Grande do Sul o estelionatário preso em São Paulo sob acusação de dar o golpe da obtenção de cidadania italiana desde 2016. Cerca de 50 vítimas já foram identificadas, sendo que o prejuízo delas ultrapassa R$ 1,5 milhão, com uma perda em média de R$ 30 mil para cada uma.
Uma equipe da Delegacia de Polícia de Proteção ao Consumidor, Saúde Pública e da Propriedade Intelectual, Imaterial, Industrial e Afins (Decon), do Departamento Estadual de Investigações Criminais, de Porto Alegre, aguarda a autorização judicial de transferência em SP. Junto com os agentes, o delegado Joel Wagner efetuou a prisão preventiva do suspeito, de 39 anos, natural de Caxias do Sul, no início da noite, na cidade paulista de Piracicaba. A operação Lavoro teve apoio dos policiais civis locais. Houve a apreensão de um Ford Edge e vários documentos, passaportes, um notebook e um celular, mas não foi encontrado qualquer quantia em dinheiro. Além do RS, o suspeito agia em vários estados.
As investigações duraram em torno de oito meses. O delegado Joel Wagner explicou que o estelionatário prometia obtenção da cidadania italiana de modo mais rápido e eficaz ao invés do trâmite tradicional via Consulado da Itália no Brasil. A oferta dos serviços de reconhecimento ocorria sobretudo por contatos diretos e indicações, com pessoas de confiança dele buscando clientes. “Elas tinham ascendência italiana e optaram por conseguir a cidadania através fixação de residência por um determinado tempo na Itália. Elas procuravam então a assessoria dele”, relatou.
O golpista prometia levar as pessoas até a Itália e fornecer a logística para permaneceram por um determinado tempo naquele país. O pacote incluía o acompanhamento para a obtenção dos documentos, apostilamento, traduções, passagens aéreas, translado e hospedagem. “Depois de efetuarem o pagamento em reais ou euros, as vítimas não tinham a prestação do serviço prometido. Muitas nem chegaram a viajar e quem foi era lubridiado lá”, resumiu o titular da Decon. “Tudo fazia parte de um artifício para ele obter vantagem indevida”, acrescentou.
Conforme o delegado Joel Wagner, o estelionatário tinha uma empresa constituída desde 2012 quando levava jovens para jogar futebol na Itália. “Posteriormente, começou a oferecer serviço de assessoria para obtenção de cidadania italiana”, recordou. O suspeito, revelou, possui imóveis na Itália e tinha viagem agendada para Milão nesta quinta-feira, dia 19. O titular da Decon prevê, a partir de agora, o aparecimento de mais vítimas com a divulgação do caso. O telefone gratuito do Deic, 0800-510-2828, foi colocado à disposição.