Foragido do Vale do Sinos, ‘Psicopata’ é recapturado após romper tornozeleira eletrônica

Foragido do Vale do Sinos, ‘Psicopata’ é recapturado após romper tornozeleira eletrônica

Um foragido do Vale do Sinos de alta periculosidade, conhecido no meio jurídico e policial como “Psicopata”, de 38 anos, foi recapturado na manhã desta segunda-feira (7) na região central do Estado.

Transitava com a mulher e duas filhas pequenas em um Fusion preto emplacado em Dois Irmãos. Investigado por violentos assaltos, principalmente roubos a banco, e com condenações por tráfico de drogas, o criminoso tinha rompido a tornozeleira eletrônica no dia 14 do mês passado.

O nome não é informado por conta da Lei de Abuso de Autoridade.

Segundo o titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo, Ayrton Figueiredo Martins Junior, o foragido não reagiu à abordagem, por volta das 11 horas, na BR-290, em Pantano Grande. A presença da família inibiu possível fuga e perseguição em alta velocidade. “Ele havia passado antes por Santa Maria e São Sepé”, descreve o delegado, sobre a rota do criminoso em direção ao Vale do Sinos. Ele tem casa no bairro Campina, em São Leopoldo.

Dono do carro

O Fusion está em nome de outra pessoa, que também caiu na investigação. “Estamos apurando a situação do veículo”, resume Ayrton. No automóvel, conforme ele, foram apreendidos aproximadamente R$ 4 mil em dinheiro. “A detenção contou com apoio da Polícia Civil de São Sepé e da Polícia Rodoviária Federal, que efetuou a abordagem, prisão e apresentação do preso à Draco de Cachoeira do Sul para registro de ocorrência e encaminhamento ao sistema prisional”, salienta.

Draco aprofunda investigações

Também conhecido como “Loucão” no submundo do crime, “Psicopata” é alvo de investigações em diferentes cidades. A Draco da São Leopoldo vem aprofundando provas contra o traficante, mantidas sob sigilo. “Ele tem vasta ficha de antecedentes”, comenta Ayrton.
Criminoso nega tudo e consegue absolvições

Natural de Chapecó, no oeste catarinense, e radicado no Vale do Sinos após sair da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), “Psicopata” sempre nega as acusações. A “inocência” costuma ser sustentada pelo argumento de não ter estado no local do crime e não ter envolvimento com os outros réus.

Foi assim no processo que resultou em absolvição, em julho do ano passado, na 2ª Vara Criminal de Novo Hamburgo. Denunciado pelo Ministério Público com outros nove traficantes por distribuir droga em várias regiões, “Psicopata” disse que sequer sabia por que estava sendo acusado.

Na época do interrogatório, alegou que, em razão de 11 anos na Pasc, até poderia conhecer alguns dos corréus, mas afirmou não ter relação próxima com nenhum deles.

Ao não aceitar a denúncia contra os dez réus, entre eles outros conhecidos traficantes, o juiz Guilherme Machado da Silva apontou falhas do Ministério Público por não juntar mídias e transcrição das escutas telefônicas. O magistrado também questionou a qualidade do inquérito policial.

“Nos ‘autos circunstanciados de interceptações telefônicas’ que instruem a investigação policial, constam apenas algumas falas ouvidas durantes as interceptações deferidas, além de interpretações dos policiais sobre o significado do que estava sendo tratado.

Sem o inteiro teor dos diálogos ali referidos, impossível analisar-se em que contexto foram ditos e se há algum tipo de identificação a confirmar que os usuários dos telefones interceptados eram os denunciados”, despachou.

Outra absolvição recente foi no fim de 2019, em Gravataí. A juíza Valéria Eugênia Neves Willhelm impronunciou “Psicopata” a júri por assassinato cometido em junho de 2006 na cidade. Ou seja, o traficante foi inocentado sem precisar ser submetido ao Conselho de Sentença.

Pegou 17 anos por chefiar quadrilha na Pasc

Entre as penas mais extensas, “Psicopata” pegou 17 anos no regime fechado, em junho de 2020, por comandar o tráfico de sua cela na Pasc. Conforme o processo, tinha celular e internet na casa prisional considerada de “alta segurança”. Outros 17 réus, apontados como subordinados, foram condenados pela juíza de Osório, Anna Alice Schuh.

“Psicopata”, no entanto, sequer começou a cumprir a pena, pois conseguiu prisão domiciliar com monitoramento eletrônico, que burlou no mês passado.

O processo o coloca como criminoso de alta periculosidade, com poder de intimidação mesmo recolhido. É citada a execução de uma adolescente dentro de casa, no litoral, que acabou não sendo elucidada.

Ficou a suspeita de que tenha sido morta a mando de “Psicopata” porque a menor queria se desvincular do grupo e traficar de forma independente.

Reféns na casa de veraneio

Roubo a residência com reféns é outro crime na coleção de “Psicopata”. Um dos antigos casos é de maio de 2007, quando um sítio foi invadido por quatro assaltantes em Xangri-Lá e veranistas foram amarrados em casa.

Na sentença, de abril de 2012, o então juiz de Capão da Canoa, Ademar Nodari, aplicou quatro anos no regime semiaberto. Os três comparsas receberam condenação parecida.

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