O abandono de uma mulher de 57 anos com doença mental em uma casa tomada pelo lixo, sem luz, água e esgoto, resultou na prisão da filha dela, uma comerciária de 20 anos, na tarde de sexta-feira, em Novo Hamburgo. Também não tinha comida.
Conforme vizinhos, a vítima estava há dois anos sozinha na moradia precária de madeira no bairro Lomba Grande. Ela foi hospitalizada. A jovem pagou fiança de R$ 1 mil e responderá inquérito em liberdade por abandono de incapaz
A preocupação dos moradores dos arredores da Rua Aroeira só aumentava. Eles denunciaram o descaso da família à Delegacia de Polícia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Novo Hamburgo. Contaram que, às vezes, a mulher jogava fora os remédios para esquizofrenia e crises de epilepsia. Surtava e ficava agressiva. Invadia pátios, agredia pessoas e jogava pedras em carros em trânsito.
Perigo
Ainda segundo testemunhas, o genro raramente levava comida. Quem alimentava a mulher, na maioria das vezes, eram os vizinhos. Ela costumava cozinhar em três tijolos na rua, mas, quando chovia, preparava dentro de casa, sobre uma chapa de aço enferrujada colocada em cima do casco de um fogão.
O medo era que o chalé pegasse fogo. “Nos informaram que a largaram ali e assim foi ficando”, declara o chefe de Investigação da Deam, comissário Everton Bach.
No trabalho
Vizinhos contaram que chamaram a filha várias vezes para ajudar a mãe, mas que ela “lavava as mãos”. Diante da constatação do abandono, os agentes foram atrás da jovem. Ela foi encontrada no mercado onde trabalha e levada à delegacia, já no fim da tarde de sexta. A jovem mora com a avó paterna. O pai dela, ex-marido da vítima, vive em Porto Alegre.
Entrou em surto e se trancou
Conforme o comissário, a mulher entrou em surto quando uma equipe da Deam chegou para averiguar a denúncia. Ela se trancou em casa e ameaçou se matar. O Samu foi acionado. “Foi necessário arrombar a porta e entregar a vítima aos cuidados dos profissionais de saúde”, observa. A mulher foi imobilizada e levada de ambulância ao Hospital Municipal.
Uma sacola com medicamentos de uso controlado, que ela teria jogado fora, foi entregue por vizinhos aos paramédicos. “Constatamos a condição precária e insalubre. Nem alimentos tinha. Apenas um pote de comida azeda.”
Fonte Jornal NH