Facção que teria movimentado R$ 17 milhões com lavagem de dinheiro do tráfico é alvo de operação

Facção que teria movimentado R$ 17 milhões com lavagem de dinheiro do tráfico é alvo de operação

Com o objetivo de descapitalizar o tráfico de drogas, a Polícia Civil, em conjunto com a Brigada Militar, realiza uma operação nesta terça-feira (15) para combater a lavagem de dinheiro da venda de entorpecentes. Uma célula da facção que tem base no Vale do Sinos montou uma revenda de veículos no bairro Viamópolis, em Viamão, na Região Metropolitana, e, em um ano, teria movimentado pelo menos R$ 17 milhões.

Cerca de 380 agentes cumprem 64 ordens judiciais. São três mandados de prisão, incluindo contra o líder do esquema e o principal operador financeiro dele, e outros 61 de busca e apreensão. Apesar de ter apenas três prisões decretadas, que não tiveram os nomes divulgados, 41 pessoas estão sendo investigadas.

Investigados depositavam valores em contas bancárias de laranjas e familiares, compravam veículos para a empresa revender, adquiriam carros de luxo e imóveis, alguns deles ainda em construção.

A chamada “Operação Car Wash” ocorre em Viamão, onde 34 ordens judiciais são cumpridas, Novo Hamburgo, com 10 mandados sendo cumpridos, e também Garibaldi, Sarandi, Santo Ângelo, Porto Alegre, Gravataí, Canoas, Sapucaia do Sul, Estância Velha e Imbituba, em Santa Catarina. No Estado vizinho, o mandado é relativo somente a carregamentos de drogas, sendo que, em um deles, foram pagos mais de R$ 2 milhões por entorpecentes. Nos demais, além do tráfico, a principal questão é a lavagem de capitais.

Sobre as prisões, o responsável pela investigação, titular da 1ª Delegacia de Gravataí, delegado Eduardo Amaral, diz que o líder desta organização criminosa já se encontra no sistema prisional, o criminoso está na Pasc, mesmo assim foi cumprido na cadeia um mandado de prisão preventiva contra ele sobre mais este delito. A mulher do criminoso e o principal operador financeiro do esquema, que o é proprietário da revenda de veículos em Viamão também foram presos. Outras três pessoas foram presas em flagrante. Os policiais apreenderam R$ 70 mil, 13 veículos e um jet ski, três armas de fogo e munições.

Sobre as buscas e apreensões, o delegado destaca que serão apreendidos oito veículos e cinco imóveis, além do bloqueio de 47 contas bancárias, sendo 13 delas vinculadas diretamente à empresa.

— O esquema consistia no seguinte: o dinheiro angariado com o tráfico de drogas era utilizado para a compra de carros, imóveis, investido na revenda de veículos, que movimentou em um ano R$ 17 milhões, e para a aquisição de drogas e armas para retroalimentar a o crime — explica Amaral.

Lavagem de capitais

O dinheiro ilícito, segundo inquérito, era enviado para contas de integrantes da facção ou para seus familiares — que também compravam drogas e armas — e todos remetiam para contas vinculadas à revenda de veículos. O delegado comprovou que esta empresa não era propriamente de fachada porque o dinheiro recebido do tráfico era investido na compra de veículos.

Foi confirmado o registro de 180 automóveis vinculados a esta empresa, que transferia com frequência automóveis para integrantes ou familiares da organização criminosa, bem como, segundo Amaral, fazia pagamentos diretos para os 41 investigados e para um advogado que atua para a facção. A polícia apurou que um funcionário da revenda, com veículos da própria empresa, fazia o recolhimento do dinheiro a ser lavado.

Os imóveis comprados por meio do esquema ficam em Novo Hamburgo, dois ao todo, e Estância Velha. Um deles foi concluído há poucos dias e avaliado em pelo menos R$ 800 mil. Os outros dois estão em Viamão, sendo um deles a casa do operador financeiro que é também dono da loja de carros. Entre os veículos adquiridos para uso pessoal dos criminosos, há quatro carros da marca BMW e um Porsche.

Sobre as 47 contas bancárias, além de 13 que são diretamente ligadas à revenda, outras 20 são de laranjas para serem usadas como “contas de passagem”. O delegado Amaral diz que os suspeitos sabiam o motivo e ainda recebiam porcentagens para emprestar as contas.

— Muitos são membros diretos da facção e já conhecidos por estarem sempre emprestando suas contas para a lavagem de capitais, ou seja, para lavar o dinheiro sujo do tráfico de drogas — explica Amaral.

Com o andamento das investigações, o delegado acredita que o número de contas bancárias, bem como de investigados e principalmente os valores, serão muito maiores do que já foi apurado. Amaral diz que todas serão responsabilizadas ao final do inquérito.

Fonte GZH

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