Cinco dias depois de ganhar prisão domiciliar em razão do coronavírus, um condenado por roubos começou a praticar extorsão contra um empresário de Esteio de 60 anos.
Exigia 20 mil reais para que fotos íntimas da vítima não fossem espalhadas pela região. A Polícia Civil, que prendeu o criminoso na manhã desta terça-feira (16), suspeita que haja mais casos no Vale do Sinos. O golpista contava com a ajuda de um escritor, poeta e coach, que segue sendo investigado.
A Operação Invasão foi deflagrada por volta das 7 horas. “O indiciado não estava na casa onde tinha que estar cumprindo prisão domiciliar”, declara a delegada Luciane Bertoletti.
A captura aconteceu em Sapucaia do Sul, onde os agentes ainda cumpriram mandado de busca na casa do escritor.
Celulares, computadores, documentos e até roupas foram apreendidos. “Encontramos o boné e a camiseta que o preso enrolou no pescoço quando saiu para divulgar fotos da vítima. Quando o prendemos, vestia a mesma calça com que foi flagrado distribuindo o material “, frisa Luciane.
“Fotos horríveis”, declara delegada
Celulares, computadores e roupas usadas no crime foram apreendidos ontem com o condenado e o poeta.
A delegada conta que, como o empresário não pagou, apesar de ameaças até de morte, imagens dele foram espalhadas pelo bairro onde mora, em postes, muros e até no comércio. “Fotos horríveis, não só de nudez, como também pornográficas, da vítima praticando sexo.” Ela revela que objetos encontrados na casa do poeta o colocam no crime.
“São muitos arquivos de mídia, que vamos analisar para ver se há mais envolvidos e outras vítimas.”
Os telefonemas ameaçadores eram feitos pelo presidiário. “A conduta do escritor nos delitos não podemos revelar para não atrapalhar a investigação.”
Autor de livros sobre transtornos psicológicos, o letrado também tem poesias publicadas e se apresenta nas redes sociais como coach. Possui antecedentes por violência doméstica e idade na faixa dos 60 anos.
Experiência no crime e informações privilegiadas
O condenado de 28 anos cumpria pena no semiaberto do Instituto Penal de São Leopoldo até 15 de maio, quando foi mandado para casa, sem tornozeleira, por causa da Covid-19. Ou seja, do controle já falho do serviço externo durante o dia e pernoite na cadeia, pôde ir embora livre de qualquer monitoramento.
Respeitar o decreto de prisão domiciliar era só pela consciência. A base dele é no bairro Capão da Cruz, em Sapucaia. “Cinco dias depois da soltura, começou com as extorsões.
Tem experiência na atividade criminosa e contava com informações privilegiadas”, conta a delegada, que o capturou por meio de prisão temporária de 30 dias. “Já estou pedindo a conversão em preventiva.”
Segundo Luciane, as extorsões e estelionatos têm aumentado em razão da pandemia.
Fonte Jornal NH