As principais emergências e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) operavam acima da capacidade nesta segunda-feira em Porto Alegre. Com 107 pacientes internados, a emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) registrava 191,07% de lotação, praticamente o dobro da capacidade máxima de leitos disponíveis, e tinha atendimento restrito. O cenário era parecido na Santa Casa, que tinha 39 pacientes em observação e 162,50% de lotação. Na emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição, 81 pacientes estavam em observação, o equivalente a 126,56% de ocupação.
Com 35 pacientes em observação, a UPA Moacyr Scliar, na Zona Norte, registrava superlotação, com 205,88% de ocupação. Alguns pacientes foram acomodados na sala de medicação. A dona de casa Tânia Beatriz Pereira Vieira aguardava atendimento para a filha Brenda, 14, desde a noite de domingo. A jovem apresentava febre e vômito desde sexta-feira. As duas chegaram à unidade de saúde por volta das 23h. Até o meio-dia de ontem, elas ainda esperavam ser chamadas pela equipe médica. “Não informam nada na UPA, dizem apenas que está cheio. A minha filha tem suspeita de meningite”, explica. Conforme Tânia, Brenda testou negativo para Covid-19.
Conforme o coordenador municipal de Urgências da SMS, Daniel Lenz Faria Corrêa, a demanda por atendimento em unidades de emergência e pronto atendimento é alta às segundas-feiras. Ele explica que as UPAs, principalmente a Moacyr Scliar, ficam cheias porque diminui a oferta de leitos. “Normalmente perto do meio-dia conseguimos dar vazão aos atendimentos”, ressalta, acrescentando que houve remanejamento de leitos para suprir a demanda. Apesar do crescimento da procura por atendimento, Lenz garante que a maioria é de casos leves. “Não notamos aumento expressivo de casos graves, apenas casos leves em função de síndrome gripal”, afirma.
Lenz reforça que a UPA Moacyr Scliar, por conta da localização próxima ao Terminal Triângulo, na avenida Assis Brasil, acaba recebendo maior número de pacientes do que outros locais. “É mais movimentada em função de ficar perto do terminal de ônibus, o que é diferente de outros pronto atendimentos”, ressalta. Chefe da Unidade de Internação Breve do HCPA, Aline Zimmermann de Azambuja destaca que a emergência operava 100% acima da capacidade. Enfrentamos esse problema há alguns meses, principalmente após a pandemia. “A gente acredita que isso pode ser reflexo de uma demanda reprimida nesses dois anos de pandemia”, destaca.
De acordo com Aline, no HCPA boa parte dos atendimentos são de pacientes com doenças crônicas ou em tratamento contra o câncer, que precisam fazer quimioterapia. Apesar da superlotação da emergência, ela afirma que não houve aumento do número de casos confirmados para a Covid-19 ou de influenza AH1n1.
Fonte Correio do Povo