Uma mulher de 73 anos que estava desaparecida há 44 foi encontrada em um hotel na Serra gaúcha. A idosa foi achada no estabelecimento, no Centro de Garibaldi, após denúncia anônima.

Segundo a Polícia Civil, ela morava em um quarto de pequenas dimensões, sem energia elétrica e sem banheiro, localizado junto ao pátio do estacionamento do hotel; a suspeita é de maus-tratos.

Agentes chegaram ao local na tarde da última terça-feira (31), acompanhados de psicólogos e de assistentes sociais do município. Eles a encontraram com sinais de alienação mental. A idosa disse morar ali há cerca de 10 anos.

Os responsáveis pelo hotel relataram à Polícia que a mulher começou a trabalhar no local na década de 1990, após deixar um emprego em outra hospedagem da cidade.

“Parece que ela fazia limpeza e teria sido efetivada como funcionária pelo menos até o início do ano 2000”, explicou o delegado Marcelo Ferrugem.

Atualmente, ela não estaria trabalhando no hotel, mas a Polícia ainda apura o motivo pelo qual a idosa teria morado por tanto tempo no estabelecimento.

Sobre as condições em que vivia, os donos da propriedade disseram à Polícia que ela não gostava muito da aproximação de pessoas do seu quarto e que tinha liberdade para se locomover.

A reportagem apurou que o caso aconteceu no Hotel Pieta, que preferiu não se manifestar no momento.

Reencontro com a família

Conforme o delegado, a idosa não era vista desde 1979, quando teve um desentendimento com a família.

“O desaparecimento dela foi registrado em 2021 porque uma sobrinha viu um programa do IGP [Instituto-Geral de Perícias] para coleta de material genético biológico para fins de confronto, no banco de dados, com pessoas desaparecidas. Ela foi orientada a ir a uma delegacia e efetuou o registro”, detalha Ferrugem.

Nesta semana, após o resgate no hotel, o material biológico da idosa foi comparado ao da sobrinha, e o parentesco foi confirmado. Familiares foram informados sobre a localização da mulher e a levaram para Cachoeirinha.

Investigação

O delegado acrescenta que um “inquérito por maus-tratos contra a pessoa idosa” foi aberto e que “todas as hipóteses serão esclarecidas, avaliadas com maior cuidado e aprofundamento, na instrução do inquérito policial”.

Quanto à penalização, ele explica que “no momento, não se tem como dizer por quais crimes os proprietários poderão ser responsabilizados” nem ao menos “se haverá uma responsabilização criminal”.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) já foi informado sobre o resgate e acompanha o caso.