Criminosos criam sites falsos da CEEE Equatorial para aplicar golpes

Criminosos criam sites falsos da CEEE Equatorial para aplicar golpes

Um grupo de criminosos está sendo investigado por enganar clientes da CEEE Equatorial no Rio Grande do Sul. Já foram identificadas pela Polícia Civil pelo menos 60 vítimas lesadas que pensavam estar pagando a conta de luz, mas, na verdade, estavam repassando dinheiro para golpistas.

O grupo — ainda não identificado — criou pelo menos dois sites idênticos ao da empresa de energia e recebeu valores, ainda não apurados, de pessoas que buscavam a segunda via da fatura por meio do Google.

Um inquérito foi instaurado na Polícia Civil, e a CEEE Equatorial destaca que está alertando sobre o golpe nas redes sociais (leia abaixo). Contudo, alguns consumidores reclamam que a medida demorou para acontecer e estão buscando seus direitos na Justiça.

Uma das vítimas foi Rafael Osório, de Pelotas. Ele afirma que teve a luz cortada no início de outubro, mas pensava estar em dia com a empresa. Foi quando entrou na internet para pegar a segunda via.

— Botei ali no Google “CEEE segunda via” e acessei o primeiro link (…) abriu um Pix, que acabei copiando e colando para pagar. Achei que estava tudo certo, mas daí apareceu na nova conta um reaviso de débito. Então liguei para empresa e foi aí que me avisaram que eles não têm Pix e que era golpe. Mas a página era igual, igual mesmo a da CEEE — explica Osório.

Outra vítima, Kellen Franca, de Porto Alegre, diz que sempre entrava no Google para pagar a segunda via da conta de luz. No entanto, no início do mês passado, conta que acabou acessando um site idêntico ao da CEEE Equatorial.

— Quando efetuei o pagamento, desconfiei, apareceu como destinatário uma chave aleatória, algo tipo “pde eletricidade”, mas prossegui porque jamais imaginaria que fosse um golpe. Ao verificar depois, a conta seguia em aberto e procurei a empresa. Nem falaram que era golpe e pediram comprovante de pagamento. Enviei, mas meu pedido foi indeferido. Só quando isso ocorreu e quando liguei de novo que me informaram do site falso — conta.

Além de criar um grupo no WhatsApp com outras pessoas lesadas, Kellen enviou reclamação para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e à Ouvidoria da CEEE, fez um boletim de ocorrência na polícia e acionou um advogado. Nas redes sociais, ela divulgou e incentivou outras vítimas a denunciarem o golpe.

O golpe

O titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado André Anicet, diz que recebeu uma notícia-crime da empresa sobre o golpe e que já foram contabilizadas 60 vítimas. Um inquérito foi instaurado, e os consumidores estão sendo acionados para depor.

Ainda não há maiores informações sobre suspeitos e valor do prejuízo. Os delitos apurados são estelionato e, possivelmente, associação criminosa — dependendo da quantidade de investigados.

Anicet destaca que o golpe consiste basicamente no que relatou a vítima de Pelotas. A primeira etapa consiste no pagamento ao site de busca, pelos golpistas, para que as páginas apareçam no topo da lista durante a procura realizada pelos usuários. As pessoas que buscam pela segunda via da conta de luz geralmente acionam o primeiro site que aparece para elas e colocam login e senha, gerando um código de barras para pagamento via Pix. Os sites, com o tempo, são desativados, mas os golpistas logo colocam outros no ar.

Como evitar

Anicet diz que a primeira medida, ao realizar uma busca na internet pela segunda via da conta de energia elétrica, é verificar se há outro site da empresa verdadeira ao invés de acessar o primeiro link disponível. Segundo ele, em alguns casos até consta o nome da CEEE na URL (o endereço eletrônico da página), contudo, existem outros nomes ao longo do endereço.

A polícia alerta que as pessoas também precisam verificar quem é o beneficiário desses pagamentos, ou seja, se é a empresa verdadeira ou outra pessoa física ou jurídica, no caso, um possível golpista.

Se caiu no golpe, a vítima deve imediatamente acionar a CEEE Equatorial e procurar a polícia, registrando ocorrência pela Delegacia Online ou na delegacia mais próxima. Para isso, deve adicionar número de telefones, contas e os endereços dos sites fraudulentos.

— O site falso, ao ser acionado pelo consumidor com login e senha, direciona os dados e volta para o mesmo consumidor com a informação verdadeira, para ele não desconfiar. O boleto sempre é pago via Pix e essas são as diferenças principais do site verdadeiro e os dos golpistas (…) A pessoa tem dificuldade de identificar porque é muito idêntico — diz Anicet.

O que diz a CEEE Equatorial

Em nota, a CEEE Equatorial informa que pagamentos via Pix são golpe e que está alertando sobre o caso nas redes sociais. A concessionária também afirma que está reforçando protocolos de segurança.

Leia a nota na íntegra:

“A CEEE Grupo Equatorial informa que os casos de pagamentos por PIX estão relacionados a um golpe, sobre o qual alertamos em nossas redes sociais e canais oficiais no início de outubro. A companhia de energia não aceita, ainda, recebimentos por este meio.

Um site falso, com o link https://ceee.agenciaweb-segundavia.online/, utilizou a Agência Virtual da CEEE Grupo Equatorial para aplicação do trote. A CEEE Grupo Equatorial pede cuidado redobrado ao realizar a busca de ‘2ª via de fatura’ na internet. Orientamos, para sua segurança, acessar a agência virtual, sempre, por meio do site https://ceee.equatorialenergia.com.br/. Nesta página, todas as informações de acesso necessárias estão disponíveis e os dados do cliente estão protegidos e seguros.

A CEEE Grupo Equatorial não recebeu o efetivo pagamento, portanto, a empresa está disponível para negociação de débitos do cliente, seja para quem foi lesado pelo golpe ou para qualquer outra situação.

A companhia de energia oferece os seguintes canais de atendimento:

  • Unidades físicas de atendimento (https://ceee.equatorialenergia.com.br/locais-de-atendimento);
  • Site https://ceee.equatorialenergia.com.br;
  • Call Center: 0800 721 2333.

O site falso fica em segundo plano e capta as informações específicas do cliente, a partir do momento em que se digita o login e senha. A partir desses dados, ele gera as informações da falsa conta de energia e o PIX para pagamento. O hacker não tem acesso aos dados gerais de todos os clientes da CEEE Grupo Equatorial.”

O que diz a Agergs

A Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) informa que notificou a CEEE Equatorial sobre a possível falha de comunicação aos usuários em relação à clonagem do site.

Leia a nota na íntegra:

“A AGERGS – Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul – informa que tomou conhecimento da existência de possível fraude, clonagem do site da concessionária, na última sexta-feira (04/11/22) e notificou a CEEE Equatorial para que apresentasse informações sobre a ocorrência e as providências tomadas no sentido de comunicar os usuários sobre a fraude,  assim como no intuito de barrar a manutenção do site falso e de eventuais ações junto às instituições bancárias.

A notificação feita pela Agência, através da Gerência de Energia Elétrica, também contemplou questionamentos sobre instabilidades verificadas no site da distribuidora ao longo do mês de outubro e sobre eventuais falhas nas compensações dos pagamentos de faturas emitidas pela empresa. O prazo dado para as comunicações à Agência pela concessionária deverá ser até 18/11/2022, para posterior análise das próximas providências.

A AGERGS   informa ainda que não foi comunicada pela CEEE Equatorial sobre a existência de fraude de terceiros relacionado ao site da empresa e aos pagamentos de faturas. Também não há registros de reclamações de consumidores sobre o assunto em nossa Ouvidoria, já que, por possuir convênio com a ANEEL, as reclamações são acatadas diretamente pela Agência Federal.

A AGERGS recomenda que, se algum usuário for prejudicado registrem imediatamente a ocorrência na Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações (DRCID) e procurem a CEEE Equatorial para regularizar a situação com a empresa.”

Fonte GZH

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