O corpo da aposentada Alair Barbosa, de 72 anos, foi velado e enterrado sob aplausos, nesta quarta-feira (19), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio.
A idosa morreu depois de ser empurrada, cair e bater a cabeça durante um assalto na Praia de Copacabana, na Avenida Atlântica, na tarde de domingo (16). Ela estava com duas amigas.
A enfermeira Isabela Barbosa Meireles, filha de Alair, pediu punição para os envolvidos no crime.
“Minha mãe era caridosa e eu não imaginava o quanto de irmãos que eu tinha. Ela cuidava sem medir esforços. Muito generosa e não merecia isso. A gente fica angustiada, porque ela não merecia passar por esse ato cruel.
Ela era idosa e foi morta por um cordão insignificante. Eu não consigo entender. Eu tenho muita tristeza. Não tenho revolta, mas, quero honrar o nome da minha mãe”, disse.
Ela citou ainda que o caso merece uma “resposta”, e que a redução da maioridade penal deveria ser avaliada.
“Muita gente como ela foi vítima dessa violência do Rio. A gente não faz nada. A gente precisa que providências sejam tomadas. A gente tem câmeras em Copacabana e a polícia vai identificar. Não sei se foi esse rapaz, mas nós, a sociedade, precisa de respostas. A minha mãe e outras pessoas vítimas da violência merecem uma resposta. Que seja identificado e punido.”
“Se for confirmado que ele fez isso, depois de seis passagens, não é aceitável que uma pessoa dessa esteja em liberdade cometendo outros crimes, e cometeu um assassinato.
Podemos usar essa situação catastrófica e pensar na redução da maioridade penal.”
Zaide Guimarães Barbosa, uma das irmãs de Alair, pediu justiça. Ela lembrou que por conta da violência, o filho pediu que ela fosse morar na Região dos Lagos.
“A gente só pede que a pessoa que fez isso com a minha irmã caçula pague. Ela cuidava da gente. Ela trocou o meu plano de saúde. Tudo era ela que fazia. Estamos perdidos. Eu com 80, outra com 85, e ela mais nova, com 70, fazia tudo.
Éramos cinco irmãs mulheres. Quando ela nasceu, eu tinha 9 anos e era a minha boneca. Menina muito estudiosa, super cuidadosa. Minha irmã era amorosa. Mas, a violência a levou. Minha família quer que eu vá para Cabo Frio, mas eu vivo aqui”, disse.
A enfermeira Luiza Almeida, de 68, trabalhou com Alair por mais de 50 anos no Hospital de Ipanema. Durante o velório, ela lembrou que a amiga sempre “cuidou com muito carinho dos mais necessitados.”
“Não dá para aceitar. É muito triste o que fizeram. Espero que vão atrás dos assassinos e que façam justiça. Não sou do Rio e estou indo embora por conta da violência. Foi o auge o que fizeram com a Lalá (apelido de Alair). Eu não aceito isso”, disse a aposentada.
Luíza também reclamou da insegurança em Copacabana.
“As autoridades, o governo do Rio de Janeiro não faz nada. Eu moro em Copacabana e para ir na rua vou com a minha carteira do plano de saúde e todos os documentos porque não sabemos o que pode acontecer. Criminalidade assustadora no principal cartão-postal do estado. É lamentável”.
Empurrada durante furto
De acordo com testemunhas, a vítima sofreu agressões e um empurrão durante um furto. Ela chegou a ser encaminhada ao Hospital Miguel Couto, na Gávea, mas não resistiu aos ferimentos. Na terça (18), a Justiça do Rio determinou a apreensão do menor suspeito da agressão a mulher.
Ele foi detido na tarde desta quarta-feira (19).
O suspeito, segundo testemunhas, é um menor de 17 anos. Ele foi contido pelos banhistas logo depois do roubo. O jovem foi levado para a 12ª DP (Copacabana), ouvido, mas acabou sendo liberado por falta de provas.
O mandado de internação do menor foi expedido pela juíza Vanessa de Oliveira Cavalieri, da Vara da Infância e da Juventude.
O menor também é suspeito de participar de agressões contra duas turistas da Eslováquia, segundo investigadores da Delegacia de Homicídios da Capital. As mulheres foram roubadas e espancadas quando assistiam ao pôr do sol.
O adolescente de 17 anos ainda tem outras seis anotações criminais por crimes análogos a roubo e furto e chegou a ser apreendido no ano passado.
Fonte Obitruário