Transferida para um presídio em Guaíba após confessar o assassinato e ocultação do corpo do filho Rafael Winques, 11 anos, Alexandra Dougokenski prestou neste sábado (30) o seu terceiro depoimento à Polícia Civil sobre o crime, cometido em Planalto (Norte gaúcho). A mulher de 32 anos manteve a versão de morte por overdose acidental de medicamento, apesar de a necropsia apontar estrangulamento.
Acompanhada pelo advogado de defesa, ela repetiu o relato do dia 25 (data da confissão), de que ministrou dois comprimidos do calmante Diazepam para Rafael, na noite de 14 de maio, a fim de fazê-lo dormir, em um momento de agitação da criança. Momentos depois, ao constar que o menino estava sem vida, teria entrado em pânico e decidido arrastar o corpo, com uma corda, até a casa vizinha.
“Os detalhes vão mostrar realmente que se trata de homicídio culposo (sem intenção), uma fatalidade”, corroborou o advogado Jean Severo, o mesmo que atuou como defensor de Graciele Ugulini, um dos condenados pelo homicídio de seu enteado Bernardo Boldrini, também de 11 anos, cometido em 2014 na cidade de Três Passos (Região Noroeste).
Os investigadores ainda aguardam o resultado de exames adicionais, a fim de esclarecer alguns questionamentos, como a eventual participação de outras pessoas no homicídio ou na ocultação do cadáver, bem como a veracidade da alegação de que a criança ingeriu o calmante fornecido pela mãe.
Eles tentam entender, por exemplo, a motivação do homicídio, já que mãe e filho mantinham aparentemente uma boa relação, segundo testemunhas. A Polícia Civil já confirmou que fará uma reconstituição do crime, a fim de contemplar pontos levantados inclusive pelo advogado de defesa. Ainda não foi definida uma data para o procedimento, já que a investigação considera necessária a realização de outras diligências.
Prisão temporária
Na segunda-feira passada, logo após a confissão de Alexandra, a juíza Marilene Parizotto Campagna, da Comarca de Planalto, decretou a prisão temporária solicitada pela autoridade policial, válida por 30 dias. “A medida é imprescindível para as investigações do inquérito policial, pois há fundadas razões de que a autora praticou homicídio doloso”, sublinhou a magistrada.
“Há necessidade de esclarecer as circunstâncias da morte e da ocultação do cadáver de Rafael, notadamente tendo em vista a quantidade de medicamento que a investigada alega ter ministrado, o tempo em que a vítima permaneceu desaparecida, as condições em que o corpo foi encontrado”, finalizou Marilene.
Via O Sul