As crianças não podem mais sair às ruas para brincar na Vila Farrapos, na zona Norte de Porto Alegre. Sem exceção, as praças na localidade estão cobertas por resíduos que extravasaram de bueiros na enchente. Como se não bastasse, as ruas também oferecem risco de contaminação aos pequenos por conta do lixo espalhado no chão.
Na rua Mário de Castilhos Ferreira, o espaço que seria um parquinho se tornou lixão a céu aberto. Não há fluxo de pessoas e apenas o sopro do vento embala as gangorras e balanços contaminados por lodo.
A área também está cercada por pilhas de móveis, colchões, roupas e outros materiais que perderam serventia depois que a água podre inundou a quadra. O único indicativo de infância na Vila Farrapos são bonecos e bichos de pelúcia perdidos em meio aos entulhos.
É com foco nas crianças que um grupo de voluntários organizou a entrega de 5 mil brinquedos. A ação ocorrerá em um ginásio esportivo, na esquina da avenida AJ Renner com a rua Adelino Machado de Souza, a partir das 11h deste sábado.
O local virou um centro de apoio para vítimas do dilúvio. É lá que 25 pessoas se dedicam à entrega de doações que, além de brinquedos, também incluem colchões, cestas básicas, itens de limpeza, galões de água, entre outros produtos.
As ações são coordenadas pelo empresário Jader Lewis, de 38 anos, que passou a morar no ginásio. Ele conta que os voluntários se dividem em automóveis e percorrem a região, distribuindo mantimentos para uma população que soma aproximadamente 30 mil moradores.
“Afirmo que 100% das pessoas foram atingidas pela enchente na Vila Farrapos. A inundação ultrapassou dois metros e invadiu as casas. Além disso, após o recuo da água, há moradores que estão dormindo na lama porque não há abrigos na região. Também faltam medicamentos e o posto de saúde está fechado. Fomos esquecidos pelo poder público”, lamentou o homem.
Lewis alerta que, apesar da redução no acúmulo de despejos em vias principais, ainda há pilhas de lixo que ultrapassam dois metros em alguns pontos. O problema é que a maior parte dos itens descartados se amontoam em becos e vielas, onde não há espaço para caminhões. Em outras palavras, a coleta precisa ser feita manualmente.
“São vias laterais, que ficam entre casas, onde os entulhos precisam ser recolhidos de forma manual. Ninguém está fazendo nada e as pilhas de lixo só aumentam. Os moradores da Vila Farrapos contam apenas com o auxílio dos grupos voluntários. Sem isso, a tragédia seria ainda pior”, concluiu o empresário.
Fonte Correio do Povo