Uma pesquisa desenvolvida pelo CPERS Sindicato identificou 142 escolas da rede estadual onde a Covid-19 já contaminou educadores. O dado foi divulgado nesta terça-feira (1), a partir de uma análise dos dados do levantamento realizada pelo Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (DIEESE). O número representa 16,2% do total de escolas que responderam à pesquisa. Se extrapolado para o universo de escolas existentes, avalia a pesquisa, é possível estimar um número de duas a três vezes mais elevado. As instituições estão distribuídas em 76 municípios, o equivalente a 27% das cidades representadas na pesquisa.
O levantamento também procurou captar quais as medidas tomadas pelo governo por meio das Coordenadorias Regionais de Educação após a confirmação dos casos. Em 75,5% das situações, a mantenedora não providenciou a pronta higienização do espaço escolar. Em apenas 49% dos casos, a CRE alterou o regime de trabalho, encerrando os plantões presenciais ou reduzindo períodos. Ainda segundo a pesquisa, em 8,3% das vezes, o profissional diagnosticado não foi sequer afastado de imediato.
O número elevado de escolas contaminadas chamou atenção do CPERS, que decidiu realizar uma checagem amostral antes de tronar pública essa informação. O sindicato decidiu contatar por telefone 34 pessoas que responderam a pesquisa selecionadas aleatoriamente. Destes, apenas dois negaram o diagnóstico de Covid-19 na escola e um não soube responder, tendo se equivocado ao preencher o questionário. Uma das professoras contatadas afirmou que seis profissionais da sua escola testaram positivo. Muitos reclamam da pressão pela continuidade de plantões presenciais.
Na primeira etapa, a consulta havia captado que 67% dos respondentes se sentem ameaçados ou em risco quando precisam frequentar o ambiente escolar. Apenas 12% afirmaram não ter medo e 21% disseram que não vão à escola ou não sabem responder.
Grupo de risco e exposição à pandemia
Mesmo com as aulas presenciais suspensas, assinala o CPERS, 69% dos educadores e educadoras que responderam a pesquisa têm realizado plantões para atender a comunidade, entregar ou receber trabalhos e realizar tarefas administrativas. Os dados consolidados, aponta o sindicato, também revelam a alta prevalência de educadores pertencentes ao grupo de risco da Covid-19, bem como a continuidade do problema de falta de profissionais.
O CPERS divulgou também um resumo das informações consolidadas pelo DIEESE, a partir dos dados já coletados pela pesquisa:
44% dos trabalhadores(as) responderam que pertencem ao grupo de risco. Entre os funcionários(as) de escola, que se aposentam mais tarde do que o Magistério, a proporção chega a 55%;
96% das direções escolares apontaram que sua escola possui profissionais pertencentes ao grupo de risco;
54% das direções indicaram que ao menos 1/5 do quadro funcional da escola pertence ao grupo de risco. 22,4% informam que o percentual é de mais de 40%;
57% dos funcionários(as) de escola afirmam que faltam materiais de limpeza suficientes para realizar a desinfecção dos espaços;
Em 71% das instituições, não são fornecidas máscara com a frequência necessária para todos os trabalhadores(as) no período de plantão;
70% dos respondentes indicaram que a escola não tem espaço físico adequado para atender alunos mantendo o distanciamento social e em ambientes arejados;
81% das direções declararam que a escola não tem número adequado de profissionais de limpeza para realizar a higienização necessária quando há atividades presenciais.
40,5% das direções informaram que faltam professores(as) no quadro da sua escola;
58,7% das direções informaram que faltam funcionários(as) no quadro da sua escola;
54,8% das direções informaram que faltam especialistas e/ou orientadores(as) no quadro da sua escola.
(*) Com informações do CPERS Sindicato e do DIEESE.