Conhecido como Anjo, aposentado foi levado pela enxurrada quando ajudava em resgate em Cruzeiro do Sul

Conhecido como Anjo, aposentado foi levado pela enxurrada quando ajudava em resgate em Cruzeiro do Sul

Angelomar da Silva Marques, 73 anos, era chamado de Ângelo por alguns. Mas muitos o conheciam como Anjo, o que facilitava na hora de identificá-lo. Pois o apelido combina bem com o morador de Cruzeiro do Sul que, ao buscar ajudar outras pessoas, foi uma das quatro vítimas do município durante as enchentes da semana passada no Rio Grande do Sul.

A força da correnteza o carregou enquanto o mecânico aposentado auxiliava no resgate de vizinhos atingidos pelas cheias, conhecidos ou não.

– Ele era assim Se alguém precisava de algo, ele não media esforços para contribuir. Não tinha preguiça para nada, se era necessário arrastar um ônibus, ele ia lá e fazia – conta a sobrinha Jenifer Marques.

Irmão do ex-vereador de Cruzeiro do Sul, Ubirajara da Silva Marques, Bira, tentou convencer Angelomar a sair da casa onde morava na última segunda-feira (4), quando o nível do Rio Taquari começou a elevar. A teimosia de Anjo foi maior. Um dia depois, o tio de Jenifer foi dado como desaparecido.

– O rio subiu de uma maneira assustadora, ficamos trancados em nossas casas, sem poder ter acesso a outros bairros. Meu pai também perdeu tudo e fomos resgatados de barco até o Centro. Ao levar meu filho ao hospital que ficamos sabendo da notícia. ‘É verdade sobre o teu cunhado?’, perguntaram para a minha mãe. Foi um choque – se emociona a jovem.

Com a redução do rio, na quarta-feira (6), o corpo de Angelomar foi encontrado em uma mata no bairro Glucostark, muitos metros à distância de onde foi visto pela última vez com vida. Ele foi sepultado um dia depois, no Cemitério Municipal de Cruzeiro do Sul.

Anjo tinha problemas de saúde mental e chegou a ficar longe da família por cerca de duas décadas e, há alguns anos, havia retomado o contato com Bira e o restante dos parentes.

– Meu tio também deixa um legado de esperança, pois nunca desistiu de nos reencontrar. Além do esforço, que era um sinônimo do seu nome – diz Jenifer.

Anjo era divorciado e deixou quatro filhas.

Com as três mortes confirmadas pela Defesa Civil do RS neste domingo, subiu para 46 o número de óbitos registrados em razão das cheias no Vale do Taquari na semana passada até o momento.

Fonte GZH

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