Em uma espécie de versão brasileira dos protestos realizados desde maio nos Estados Unidos por causa da morte do negro George Floyd por policiais, nesta sexta-feira (20) filiais da rede de supermercados Carrefour em Porto Alegre e outras capitais foram palco de manifestações de repúdio ao assassinato do soldador João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, cometido na noite anterior por seguranças em unidade da empresa na capital gaúcha.
No final da tarde, centenas de pessoas se reuniram em frente à filial do Carrefour na avenida Plínio Brasil Milano, próximo à Assis Brasil, no bairro Passo D’Areia (Zona Norte), local do crime na noite anterior. Trata-se do mesmo endereço onde funcionou até o começo da década de 1990 uma unidade do supermercado Febernatti. Não foram relatados atos em frente ao outro endereço
O ato começou de forma pacífica, limitando-se a palavras-de-ordem, faixas e cartazes, mas parte do grupo partiu para a radicalização, quando cerca de 50 participantes tentaram invadir o estabelecimento, que não abriu suas portas ao longo do dia.
Integrantes da BM (Brigada Militar) que ocupavam o interior do supermercado reagiram com bombas de gás-lacrimogêneo e de efeito moral, a fim de conter o pessoal, que chegou a destruir um dos portões metálicos. Mesmo assim, houve ao menos um registro de pichação no local, quebra de placas.
Também foi registrado um pequeno foco de incêndio em materiais no local, mas as chamas foram debeladas algum tempo depois. Por volta das 21, a maior parte dos manifestantes já havia se dispersado. De acordo com relatos de testemunhas, ninguém se feriu.
Brasil
A mobilização não se restringiu a Porto Alegre. Protestos semelhantes – ou até mesmo mais violentos – foram realizados em grandes capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG). Em todos as cidades, o alvo foram endereços da rede francesa de supermercados fundada em 1960.
Na capital paulista, uma filial da empresa localizada em um shopping teve grades e portões rompidos, bem como vidros quebrados, em meio a arremessos de pedras e outros objetos por parte dos participantes das manifestações. A exemplo do que aconteceu no Rio Grande do Sul, também houve focos de incêndio em papeis e outros itens, mas sem grandes proporções. Não houve feridos e também não houve tentativa de saques de mercadorias.
Exterior
O incidente envolvendo a morte do homem negro em Porto Alegre também motivou milhares de manifestações nas redes sociais, inclusive no Exterior, onde veículos da imprensa repercutiram o fato. A lista inclui os jornais “The Washington Post” (Estados Unidos) e “La Nación” (Argentina), além de agências internacionais de noticias como AFP e Reuters.
(Marcello Campos | O Sul)