O cão farejador “Guria” do Corpo de Bombeiros encontrou, na manhã desta segunda-feira (16), vestígios de gases de putrefação no carro dos suspeitos pelo desaparecimento do casal Rubem Heger, 85 anos, e Marlene Heger Stafft, 54. A Polícia Civil foi até a residência da filha do idoso, Cláudia de Almeida Heger, 51, no bairro Niterói em Canoas, onde ficou por cerca de 40 minutos. Os gases indicam processo de decomposição de corpo humano. Os cadáveres, porém, não foram localizados.
Além da residência dos suspeitos, que permanecem presos, agentes da 1ª Delegacia de Polícia de Cachoeirinha estiveram em duas áreas de mata, uma no próprio município de Canoas e a outra em Parobé, no Vale do Paranhana.
Conforme o delegado Anderson Spier, responsável pelas investigações, após as diligências desta segunda-feira, a Polícia aguarda os dois laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) e uma sobre o tráfego de dados dos aparelhos celulares dos suspeitos, que deve ser entregue ainda nesta semana pelo Google.
“Essa descoberta de hoje corrobora com nossa investigação, de que eles carregaram os corpos do Rubem e da Marlene no porta-malas do veículo, tanto que o carpete foi retirado.”
Segundo o tenente Marcelo Rodrigues, do Corpo de Bombeiros, a cadela “Guria” é treinada especificamente para encontrar pessoas já falecidas.
“Ela participou das buscas nas ruínas do prédio da Secretaria de Segurança Pública do Estado e também dos deslizamentos de terra em Petrópolis, no Rio de Janeiro.” O tenente Rodrigues afirma que ela distingue perfeitamente os odores do corpo humano e de outros animais.
“Não há possibilidade de se confundir”, garante Rodrigues. De acordo com Spier, a presença dos vestígios de gases de putrefação no veículo utilizado por Cláudia e seu filho, Andrew Heger Ribas, 28, será incluído no inquérito que pede o indiciamento da dupla por dois homicídios qualificados (por motivo torpe) e ocultações de cadáver.
Mãe e filho seguem presos.
Foi a segunda operação de buscas também em Parobé. Segundo o delegado Spier, foram encontrados vídeos em uma área de mata no celular de Andrew, em uma visita feita no mês de janeiro. “Por ser uma área já conhecida dos suspeitos, imaginamos que poderia ter sido utilizada no descarte dos corpos.”
Porém a cadela farejadora “Guria” não encontrou nenhum vestígio no local. “No mato em que fomos na cidade de Canoas também não conseguimos encontrar vestígios, no entanto a presença dos gases de putrefação dentro do veículo mostram que o casal foi transportado sem vida”, expõe o delegado.
Suspeitos seguem presos
Mãe e filho estão presos desde o último dia 6 de maio, quando foram cumpridos mandados contra a dupla, em Canoas. Cláudia está na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, enquanto Andrew foi transferido, no final de semana, da Penitenciária Estadual de Sapucaia do Sul para o Instituto de Psiquiatria Forense (IPF), em Porto Alegre. A dupla foi indiciada pelo crime.
Casal desapareceu há mais de dois meses
Rubem e Marlene desapareceram no dia 27 de fevereiro, após receberem a visita de Cláudia e Andrew em um almoço de domingo. A filha nega o crime e afirma que eles foram até sua casa, em Canoas, para passar o restante do feriadão de Carnaval.
Em depoimento à Polícia Civil, ela diz que o pai e a madrasta sumiram apenas na quarta-feira de cinzas, dia 1º de março. O caso foi registrado neste mesmo dia na 1ª DP de Cachoeirinha pelo filho mais velho de Rubem, Clóvis de Almeida Heger, 60.
Um vídeo gravado pelas câmeras de segurança de um vizinho mostra a filha de Rubem chegando à residência do casal, no bairro Carlos Wilkens, em Cachoeirinha. Nele é possível ver Marlene abrindo o portão e horas depois, Andrew estacionando o carro na garagem e Cláudia colocando dois colchões em posição que dificulta a visão de quem passa pela rua, pouco movimentada naquele feriado.
O veículo deixa o local sem que o casal Rubem e Marlene possam ser vistos, já que é Cláudia que fecha o portão e o carro, um Fiesta, tem os vidros muito escuros. Durante a investigação ficou comprovado pela Polícia Civil, que as películas foram instaladas uma semana antes da visita.
Fonte Diário de Canoas