Caminhoneiros e transportadoras não acreditam em paralisações no RS

Caminhoneiros e transportadoras não acreditam em paralisações no RS

O aumento de 24,9% no preço do diesel gerou movimentações junto ao setor de transporte de carga, tanto nos autônomos quanto nas transportadoras. Representantes dos caminhoneiros gaúchos pleiteiam em Brasília a atualização das tarifas de frente, prevista na Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas (PNPM-TRC) da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), enquanto as empresas já adotam atualização de valores.

Na capital federal, o presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos do RS (Fecam-RS), André Luis Costa, teve agenda nesta terça-feira com a ANTT sobre o assunto, além de uma reunião na Confederação Nacional dos Transportes (CNT) sobre novas estratégias para o setor. “Para o autônomo, o reajuste mínimo diante das circunstâncias e defasagem do frete seria acima de 35%”, enfatiza. Costa afirma não ter informação de nenhuma movimentação sobre paralisações e diz que a situação deve ser administrada “de forma serena”.

“Todos estão em um misto de perplexidade e expectativa, dando tempo para o mercado se readequar. Não haverá saída para esse problema se não houver um real pacto social entre o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e a sociedade para encontrarmos uma solução que não prejudique o Brasil nem os brasileiros”, acredita.

Pelo lado das transportadoras, o aumento dos combustíveis fez com que empresas de grande porte repassassem o reajuste imediatamente no final da semana passada. “No mesmo dia do anúncio do reajuste, as empresas de transporte começaram a abastecer com novos preços. Diante disso, não existe alternativa que não repassar para o preço do frete. No ano passado, tivemos quase 50% de aumento no preço do Diesel. Muito disso foi sendo represado e estamos com uma defasagem de 39% dos nossos preços”, explica o diretor executivo da Federação das Empresas de Logística e de Transporte de Cargas no Rio Grande do Sul (Sistema Fetransul), Gilberto Rodrigues.

O diesel representa até 60% dos custos de uma transportadora. Com o aumento, em um país que depende quase exclusivamente do transporte de cargas através de rodovias, há reflexos no preço do que é transportado como alimentos, remédios, roupas, calcados e móveis, por exemplo. “Se não repassar isso, as empresas não terão condição de operar, podendo haver desabastecimento que é a pior coisa que pode ocorrer para a economia”, diz Rodrigues.

Ele salienta que cabe a entidades como o Sistema Fetransul, que representa 13 sindicatos patronais, cerca de 20 mil transportadoras gaúchas e uma frota de quase 300 mil caminhões, informar o que representa cada aumento do diesel para que as empresas procurem seus clientes e negociem diretamente essa recomposição.

Devido ao gatilho para o aumento do frete em caso de reajustes acima de 10%, previsto na resolução Nº 5.867, de 14 de janeiro de 2020, da ANTT, Rodrigues não acredita na paralisação de autônomos, muitas vezes prestadores de serviços terceirizados para as transportadoras.

“As empresas de transporte não participaram e não participarão de qualquer movimento de paralisação. Não vemos motivos para que os autônomos tenham um movimento nesse sentido. Tudo que não precisamos é uma crise semelhante ao que aconteceu no passado, isso não nos ajuda em nada”, afirma.

Fonte: Correio do Povo

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