Um menino de um ano e dois meses foi mordido por um colega de um ano e dez meses na segunda-feira (21) em uma Escola Municipal de Educação Infantil* em Taquara, no Vale do Paranhana.
A professora* responsável pela turma com quatro crianças foi afastada provisoriamente do cargo, enquanto a Prefeitura de Taquara, por meio da Secretaria de Educação, realiza procedimento de sindicância para apurar o caso.
Segundo a pasta, a situação da estagiária*, auxiliar da titular da turma, é avaliada junto à instituição de ensino a que ela está vinculada.
A mãe* da criança agredida usou as redes sociais na segunda-feira para denunciar o episódio. “Hoje foi um dia assustador para nós pais, pois quando saímos de casa e deixamos nossos filhos em uma creche, vamos com a certeza de que tudo ficará bem, que lá ele irá ser tratado com amor, cuidado, proteção, independente se terá outras crianças, até porque as professoras que estudaram para estar ali, estão lá para isso, para ensinar e fazer tudo isso que citei”, escreveu.
Na publicação, a mãe conta que o filho teria sido mordido pelo menos sete vezes. De acordo com ela, a escola informou que o fato teria acontecido por volta das 11 horas, mas a família teria sido avisada somente às 14 horas. “A diretora me disse que tinha acontecido algo desagradável, que ele tinha sido mordido e estava tudo bem. Pediu para eu ir lá, como eu estava no trabalho, antes de qualquer coisa eu perguntei como ele estava”, lembra.
Ela ainda conta que a diretora disse que a criança estava bem e não chorava e que teria sido uma mordida no rosto e outra no braço. “Perguntei se ele estava marcado ou algo do tipo e ela disse que não, então falei que meu esposo iria. Liguei e ele não pensou duas vezes, chegou lá em 10 minutos”, completa.
Segundo a mãe do menino, ele chegou em casa com as marcas “muito assustado e chorando muito”. Conforme a secretária de Educação, Cultura e Esportes de Taquara, Carla Silveira, a escola relatou para a pasta que, quando o fato aconteceu, o aluno foi atendido imediatamente.
“As mordidas não estavam salientes, sendo que era o horário do soninho da criança também. Logo em seguida, por volta das 12h30, ainda dormindo, as profissionais da escola perceberam que as lesões estavam mais aparentes. Neste momento, contataram a Secretaria de Educação e imediatamente orientamos a equipe para que os pais fossem avisados e viessem até a escola”, conta.
Segundo o Executivo, as mordidas teriam acontecido “enquanto a professora titular da turma buscava materiais e a professora-auxiliar realizava a troca de fraldas de um outro aluno.”
Com a repercussão do caso nas redes sociais, a prefeitura disse, em nota, que está oferecendo suporte à família da criança. A mãe afirma que ligaram para o seu marido e também enviaram uma mensagem querendo marcar um horário para que fossem até a Secretária da Educação. “Meu esposo recusou porque acreditamos que querem nos coagir a não tomar providências”, suspeita.
Nesta terça-feira (22), a família procurou a Polícia Civil para registrar boletim de ocorrência. O delegado titular de Taquara, José Marcos Falcão de Melo, disse, no fim da tarde, que ainda não havia recebido as informações, nem despachado as ocorrências do dia.
“Meu esposo e eu estamos indignados, sensação de impotência. Deixamos ele lá com a certeza de que ficaria bem e não estávamos lá para protegê-lo”, desabafa a mãe. “As contas não esperam e temos que trabalhar. Se eu pudesse ficava em casa, mas não posso”, conclui.
*O Jornal NH não utilizou os nomes das EMEIs, da professora, da estagiária e da mãe da criança mordida para preservar a identidade e a integridade das crianças envolvidas no caso, conforme determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Mudança de escola
Com o acontecimento, o pai do menino vítima solicitou à Secretaria de Educação a transferência imediata de escola. O pedido foi aceito, e a criança já foi nesta terça-feira para o novo educandário.
Segundo a mãe da criança, ele havia feito adaptação durante a semana passada na escola onde o caso aconteceu.
Família diz que irá à Justiça
Os pais do menino mordido afirmam que procurarão os seus direitos na Justiça. Em nota, o escritório de advocacia que representa a família disse que a “mãe ainda está em estado de choque, incrédula do ocorrido”. Eles também afirmam que ainda não conversaram efetivamente sobre o caso e que. em momento oportuno, previsto para a sexta-feira (25), irão de pronunciar.
Leia a nota na íntegra:
“Nós do Escritório Martins Advogados representamos a família, a mãe ainda está em estado de choque, incrédula do ocorrido. Ainda não paramos para conversar efetivamente sobre o caso, pois ela está no trabalho, mas informamos que no momento certo ela vai se pronunciar sobre a versão dela, acredito que até o final da semana, entendemos a importância das mídias nesse momento, mas precisamos ter cuidado para não ofender ninguém também. O caso será levado a Justiça, onde será apurado tudo. Mas acredito que logo logo ela se pronunciará. Se puder entrar em contato na sexta-feira, as perguntas serão respondidas. Grata pela compreensão, pois isso não pode sair impune!”
Nota da Prefeitura de Taquara
“A Prefeitura de Taquara, através da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes, informa que desde que tomou conhecimento sobre uma criança de 1 ano e 2 meses ferida com mordidas por um colega de 1 ano e 7 meses dentro de uma escola de educação infantil (Emei) vem prestando suporte às famílias envolvidas e equipe docente. O fato ocorreu na segunda-feira (21), enquanto a professora titular da turma buscava materiais e a professora-auxiliar realizava a troca de fraldas de um outro aluno.
“Assim que fomos informados pela direção, orientamos que a família da criança mordida fosse chamada até a escola”, lembrou a secretária de Educação, Cultura e Esportes, Carla Silveira. A coordenadora da Educação Infantil do Município e a coordenadora da Educação Inclusiva foram até a Emei para prestar acolhimento aos pais da criança mordida, oferecendo suporte de saúde e psicológico através do Centro Especializado em Aprendizagem e Pesquisa (Ceap). Ainda na segunda, a pedido do pai, o aluno foi transferido imediatamente para outra escola, também pertencente à rede municipal.
Nesta terça-feira (22), foi instaurada uma sindicância investigativa para apurar a responsabilidade sobre o ocorrido, com o afastamento da professora titular até que as circunstâncias sejam averiguadas. “A diretora fez uma reunião com os professores, os quais também foram chamados até a Secretaria de Educação”, completou. Segundo relato da professora assistente, a criança não teria chorado, o que dificultou ter percebido o ato a tempo de intervir.
A prefeita Sirlei Silveira, que é professora aposentada, lamentou profundamente o ocorrido e externou solidariedade à família da criança ferida. “É um episódio triste, inaceitável. Diariamente, lutamos para qualificar a educação, e esta situação reforça que ainda temos pontos a melhorar. Pedimos para que a comunidade continue confiando no trabalho realizado pelas Emeis. Tenham a certeza de que não mediremos esforços para oferecer um serviço cada vez melhor. À família da criança ferida, deixo o nosso respeito e solidariedade. Coloco o gabinete à disposição para o que for preciso.”
Fonte Jornal NH