Duas baleias da espécie franca austral foram avistadas a 2 quilômetros da costa, em Capão da Canoa, no litoral norte gaúcho. O registro foi realizado na manhã desta quarta-feira (4), pelo Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS) de Tramandaí.
“Elas vem em busca de águas mais quentes e calmas justamente pra reproduzir. É comum elas virem sim, cada vez mais, uma vez que a população tá aumentando”, explica Valentina Santos, bióloga do Centro de Estudos Costeiros, Linmológicos e Marinhos (Ceclimar).
De acordo com Valentina, a presença desses animais consta como vulnerável no Rio Grande do Sul. No entanto, com a existência de Áreas de Proteção Ambiental (APAs), permite que seja realizada educação e estudos sobre a população das baleias, que já foi afetada pela caça.
O biólogo Jackson Müller afirma a espécie aparece na lista de perigo de extinção da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). Conforme ele, apesar das capturas de caça, a população das baleias-francas está aumentando. Jackson salienta que além das condições favoráveis na temperatura das águas, a espécie migra para essa região para se reproduzir e alimentar.
No Brasil, a Lei 7643/87 proíbe a caça e o molestamento de cetáceos em território nacional. A Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9605/98) também protege a espécie. Já o Decreto 6514/2008, proíbe o molestamento desses animais e prevê como punição para infração ambiental a multa de R$ 2.500,00 (caso a prática da infração ocorra em alguma unidade de preservação, a multa é aplicada em dobro). A Portaria IBAMA 117/1996 descreve as práticas que são consideradas molestamento intencional de baleias.
Sobre as baleias-francas austrais
As baleias-francas podem atingir mais de 17 metros de comprimento nas fêmeas, que costumam ser maiores que os machos. O corpo delas é negro e arredondado, sem aleta dorsal e cabeça ocupa quase um quarto do comprimento total. A grande curvatura da boca abriga pendentes, cerca e 250 pares de cerdas da barbatana, que são ásperas e na sua maior extensão negro-oliváceas.
As fêmeas podem pesar mais de 60 toneladas enquanto os machos atingem cerca de 45 toneladas.
As nadadeiras peitorais são com formato trapezoidal e a cauda é larga, pontuda e toda preta. O “borrifo” dessa espécie é bastante característico, em forma de “V”, e chega atingir de 5 a 8 metros. O som causado pode ser ouvido muitas vezes a centenas de metros.
Estima-se que a gestação da espécie esteja em torno dos 12 meses, que corresponderia à sazonalidade de sua migração de retorno às áreas de reprodução, onde permanecem no inverno e primavera. A reprodução é poliândrica, ou seja, o acasalamento ocorre com diversos machos cortejando uma única fêmea.
As fêmeas e seus filhotes permanecem em zonas costeiras de pouca profundidade até o final da temporada reprodutiva.
Com informações do Projeto ProFranca