Ele premeditou todos os fatos’, diz delegado sobre suspeito de ataques com ácido em Porto Alegre
Empresário, de 48 anos, foi preso preventivamente na sexta-feira (4) no Paraná.
Motivação ainda é investigada, mas polícia acredita que homem tenha tentado amedrontar a ex-mulher na tentativa de convencê-la a se mudar com ele para Curitiba.
É preso suspeito de atacar pessoas com ácido em Porto Alegre
Após três meses de investigação, a Polícia Civil constatou que os ataques com ácido em Porto Alegre, em junho, foram planejados pelo suspeito. O empresário, de 48 anos, foi preso na última sexta-feira (4) no Paraná.
Com ele, a polícia apreendeu materiais, como um tubo azul, alicate e luvas, que podem ter sido usados para cometer os ataques.
“Dá para perceber que ele premeditou todos os fatos, desde a subtração da placa, para depois fazer a substituição, a compra do ácido, aquele kit [apreendido com o suspeito] tem todos os elementos para fazer a adulteração da placa”, afirma o delegado Luciano Coelho.
A motivação ainda é apurada, mas a polícia acredita que possa ter sido uma tentativa de amedrontar a ex-mulher, passando uma ideia de que a cidade de Porto Alegre é perigosa, para convencê-la a se mudar com ele para o Paraná.
Os dois se separaram pouco antes de os ataques ocorrerem, e a mulher tinha uma medida protetiva contra o ex-companheiro.
“Querer demonstrar que aqui não era seguro. Os endereços têm uma relação com ela, todos os endereços do ataque têm uma relação com ela. Tudo leva a crer que a motivação seja essa”, adianta o delegado.
O suspeito preferiu ficar em silêncio e só irá se manifestar em juízo. Informalmente, ele confessou a autoria do crime à polícia.
“Eu conversei com ele, conversei com o advogado dele, e ele admitiu a autoria do delito, de todos eles”, garante o delegado.
Os ataques ocorreram nos dias 19 e 21 de junho de 2019 na capital gaúcha. O primeiro foi no fim da noite do dia 19, quando o homem, de bicicleta, jogou o líquido no rosto de uma mulher, na Rua Santa Flora, bairro Nonoai.
Dois dias depois, em menos de uma hora, foram registrados quatro ataques de carro – dois no local do primeiro caso e os demais, no bairro Aberta dos Morros.
As vítimas tiveram lesões no corpo e no rosto. O G1 conversou com quatro delas. Confira todos os relatos.
Investigação
A Polícia Civil apurou que entre os dias 15 e 25 de junho o suspeito alugou três carros em diferentes locadoras de Porto Alegre. Um dos carros é um Hyundai HB20 branco, que aparece em imagens de câmeras de segurança no local do crime, no dia 21.
Esse carro, que teve as placas alteradas, estava com placas que haviam sido furtadas de um Astra de Sapucaia do Sul, cidade da região Metropolitana de Porto Alegre. A polícia descobriu, por meio do GPS dos veículos, que o primeiro carro alugado, um Logan, esteve em Sapucaia do Sul.
O mesmo Logan teria sido usado para cometer o primeiro ataque, no dia 19. Antes de usar a bicicleta, o homem teria estacionado o carro nas proximidades do local do crime.
Após os ataques, o homem pegou um avião para Curitiba.
Uma carta, jogada no pátio de uma residência enrolada em uma pedra, foi entregue à polícia no dia 25 de junho. O texto ordenava que o morador jogasse ácido em outras pessoas na rua e trazia ameaças caso a ordem não fosse cumprida.
Na mesma data, o suspeito retornou ao Rio Grande do Sul e um terceiro veículo foi alugado. O GPS do carro apontou que ele esteve nas proximidades da casa onde a carta foi jogada.
A polícia identificou ainda que os erros de português, que constam na carta, são semelhantes a erros que o suspeito comete em postagens nas redes sociais. Na sequência, ele retorna ao Paraná.
Análise IGP
Uma análise feita pelo Instituto Geral de Perícias confirmou que a substância utilizada nos ataques se tratava de ácido sulfúrico.
Para chegar ao resultado, o IGP teve acesso a cinco peças de roupa das vítimas. “Todas estavam com a mesma substância”, afirmou o diretor do Departamento de Perícias Laboratoriais do IGP, Daniel Scolmeister.
O líquido é usado em aplicações industriais, como na fabricação de fertilizantes e no refino de petróleo. É forte, corrosivo e pode provocar queimaduras graves, como aconteceu com algumas das vítimas.
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Fonte: GaúchaZH