Em outra live, adolescente tortura e mata pássaro sob incentivo de grupo

Em outra live, adolescente tortura e mata pássaro sob incentivo de grupo

Depois de fazer graves ameaças à delegada que investiga a tortura e morte de um cachorro ao vivo na internet em Lindolfo Collor, o grupo neonazista por trás da atrocidade se calou.

O líder e seguidores mais próximos não se manifestam desde 30 de dezembro, quando o Jornal NH revelou detalhes da rede sádica.

Mas outras barbáries estão vindo à tona. A última é a live de um filhote de pássaro esmagado lentamente na mão de um jovem, que depois abre o animal com uma tesoura.

A suspeita é que o carrasco da ave seja o adolescente de 17 anos internado semana passada pela barbárie com o cão.

A família, ouvida nesta quarta-feira (5) pela reportagem, nega que seja ele. Assim como na transmissão do massacre com o cachorro, feita na véspera de Natal, a do pássaro, gravada há pelo menos um mês, tem uma plateia on-line que se diverte com o sofrimento dos animais.
Características

Uma pista contra o menor é um livro atrás da ave com os escritos L.C. Ivoti. As iniciais maiúsculas seriam alusivas a Lindolfo Collor.

O material, obtido com exclusividade pelo Jornal NH, é mais um para apuração da equipe da delegada Raquel Peixoto, que responde pela DP de Ivoti.

Ela tem ainda a gravação de live com as mesmas características contra um papagaio e está atrás de outra em que a vítima é um gato.

“Essa investigação vai bem mais fundo do que inicialmente se imaginava”, confirma Raquel, alvo de ameaças de morte oriundas do grupo neonazista na semana passada. “Esse tipo de coisa, que jamais me intimidaria, parou de chegar.”

Depois de levantar as provas contra o adolescente, como a faca, o martelo, o celular e até a bermuda usados na mutilação do cão, Raquel segue no rastro dos mais de 30 homens, de vários estados, que assistiam a tenebrosa live transmitida da casa da mãe do menor, na cidade de 5,7 mil habitantes do Vale do Sinos.

“Esse moleque ainda vai matar um mendigo”

A horrenda live do pássaro começa com um jovem abrindo uma caixa de papelão e tirando um filhote, possivelmente um pardal, com a mão direita. Ele começa a esmagar o animal, para delírio dos 15 espectadores. O rosto do carrasco não aparece. Também não diz nada. As cenas são fortes. A barbárie choca não só pelas imagens, como também pela diversão que elas trazem ao grupo.

A plateia on-line se diverte às gargalhadas. “Pegou o passarinho. Já tá enforcando. Ele amassou o passarinho. Ele vai mutilar”, exalta o líder, que se identifica pelo codinome Koppy, em tom de agradável surpresa e incentivo, com todos rindo alto.

Diferentes vozes vão narrando a crueldade. “Meu Deus do céu, o cara tá abrindo o passarinho. Agora estourou a cabeça, o olho.” Enquanto isso, outro membro fala em recompensar o torturador. “Mano, a gente tem que patrocinar ele. Esse moleque ainda vai matar um mendigo.” E seguem as gargalhadas.

Assista ao vídeo exclusivo:Rede insana de crimes bizarros

Em todas as lives insanas do grupo, chamado Elite Intelectual da Internet, o líder é o espectador que mais interage. Morador de Goiânia de 25 anos, Koppy é de família rica. Capta dinheiro para financiar mutilações e tem uma cartilha discriminatória ilustrada por suásticas. Também oferece pornografia infantil.

Pedofilia, zoofilia, necrofilia, apologia ao estupro, nazismo, racismo, encomenda de mortes. Está tudo ali. O sadismo e a bizarrice regem o grupo. “Muitos são psicopatas mesmo. Se reúnem e atraem até crianças para desafios”, conta um hacker infiltrado.

O grupo está hospedado no aplicativo Discord, criado em 2015 em São Francisco, nos Estados Unidos. Em nota à reportagem, a plataforma afirma que repudia crimes.

“Agora querem culpar meu filho de tudo”

A família do adolescente internado admite e condena a live contra o cão, mas diz não acreditar que seja ele o autor das outras. “Agora querem culpar meu filho de tudo. A gente também tem cachorro. Acha que eu aceitaria uma coisa dessas?”, diz o pai, um pedreiro de 43 anos, salientando que o rapaz foi atraído por causa do vício em jogos on-line.

Ele também nega que o filho tenha ganho dinheiro pelas lives. “Mesmo que ele more com a mãe, eu sei o dinheiro que entra. Esses dias comprei cueca pra ele.

E comprei uma bermuda e camiseta de Natal.” Segundo o pedreiro, o menor segue sob forte medicação no Centro de Atendimento Socioeducatvo de Novo Hamburgo. “Não é onde a gente gosta de ver um filho, mas é bom que fique lá um tempo até para a segurança dele.

Ele é depressivo e toma remédio desde pequeno.”

O pedreiro também diz que seguem as ameaças contra a família. “Já falaram em botar fogo em casa e ficam enviando mensagens até no whats. Eu só saio de casa para o trabalho.”

Fonte Jornal NH

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