Uma mulher foi presa na manhã desta sexta-feira (14) acusada de maus-tratos e tortura contra uma criança de sete anos no bairro Guajuviras, em Canoas. O caso chegou na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) após uma denúncia do Conselho Tutelar.
Conforme o delegado Pablo Queiroz Rocha, titular da DPCA, a menina contou que apanhava todos os dias e era castigada quando urinava na cama. “Foi deprimente e impactante o depoimento dela. A menor falou que era obrigada a beber o próprio xixi. A presa colocava o rosto dela contra o colchão, mandava ela sugar a urina para provar o gosto do que ela tinha feito e assim não fazer mais xixi na cama”, relatou.
Um dos fatos que também chamou a atenção dos investigadores é que durante uma visita na residência em que as duas moravam, uma conselheira tutelar encontrou a menina com um dos dedos dos pés roxo e um raspão na perna. Nesse dia, a criança relatou que tinha se machucado ao ser jogada contra uma parede de concreto. O Conselho Tutelar disse que ela tinha hematomas nas costas.
Todas as lesões foram confirmadas por um médico-legista do Instituto-Geral de Perícias.
Castigo na hora da refeição
Além de ser castigada quando urinava, a criança relatou ao delegado que também era agredida na hora das refeições. “A criança se recusava a se alimentar e a presa insistia. Com o nervosismo, a menor acabava vomitando e era obrigada a comer o próprio vomito”, contou o titular da DPCA.
Segundo a Polícia Civil, a menina perdeu o contato com a mãe que era usuária de drogas e moradora de rua. Por isso, ela passou a viver com uma avó que também morreu. A presa era amiga da idosa e acabou ficando com a guarda da criança.
Porém, a criança já estava vivendo em um abrigo. “O pessoal do abrigo nos relatou que quando ela chegou lá, ela perguntou se lá ela poderia brincar e dormir. Era só o que ela queria. Ela queria dormir em paz e brincar com uma criança”, ressalta o delegado.
Revoltada por ter perdido a guarda da criança, a mulher foi até o Conselho Tutelar ameaçar os conselheiros. “Por isso, pedi a prisão dela”, afirma Pablo. Agora, a acusada pode responder pelos crimes de tortura e coação, por ter ameaçado os conselheiros tutelares. Se condenada, pode pegar mais de 20 anos de prisão.
Fonte GBC