Foram necessários 3.348 dias desde aquela noite de 6 de julho de 2013, mas, finalmente, chegou o dia tão aguardado por muitos porto-alegrenses. Na manhã desta segunda-feira, foi reaberto o segundo andar do Mercado Público de Porto Alegre, no Centro Histórico, inicialmente com cinco restaurantes e uma sorveteria. Desde logo cedo, os proprietários e garçons arrumaram as mesas para receber a reinauguração do espaço, que foi aproximadamente 60% destruído pelas chamas.
Secretários municipais e demais autoridades se reuniram em uma cerimônia que teve o corte da fita e entregas de flores em sinal de agradecimento. A cerimônia foi conduzida pela presidente da Associação do Comércio do Mercado Público Central (Ascomepc), Adriana Kauer. “É um alívio, é uma alegria. Completamente emocionante. É o contraponto do que aconteceu há nove anos, onde não tínhamos esperança, estávamos tristes e desesperados. Hoje, a esperança se tornou este acontecimento, de rever os colegas e amigos”, afirmou ela, emocionada.
Houve diversas surpresas no evento. Um dos pontos altos foi a entrega de três itens de cozinha, encontrados por Adriana logo depois do incêndio no estabelecimento de cozinha japonesa Sayuri, administrado por Francisco Assis dos Santos Nunes. O ato, simbólico, também representou a renovação da esperança.
“Estamos voltando hoje radiantes de alegria. Tenho certeza de que os clientes que nos acompanhavam lá embaixo voltarão aqui”, disse ele. Depois das chamas, o Sayuri abriu em um espaço menor no térreo, e, com a retomada no segundo andar, contratou mais cinco funcionários.
Também reabriram os restaurantes Bar Chopp 26, Taberna, Pizza Veg e Mamma Julia, além da sorveteria Beijo Frio. No mês passado, já havia reaberto as portas a Associação de Artesãos Porto Alegre Solidária, que também ocupa o segundo andar. A
fita principal foi descerrada por volta das 11h30 por Adriana e pelo secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Vicente Perrone. “Sonhamos muito com este dia. O sentimento de hoje é que não é que nós estamos abrindo os estabelecimentos, nós estamos de fato abrindo o Mercado, já que não existe Mercado de dentro ou de fora, do primeiro ou do segundo andar”, pontuou Perrone.
O prefeito Sebastião Melo participou de um almoço com os comerciantes por volta do meio-dia. De acordo com ele, os próximos passos serão a licitação de 11 novos espaços no segundo piso, até o final do ano e o conserto de goteiras, bem como a reabertura aos domingos, que está garantida.
“Estamos falando da alma da cidade. Os próprios permissionários que ficaram lá embaixo para poder sobreviver, você imagina a alegria deles e de seus funcionários. Aproveito e quero convidar a todos a curtir a gastronomia do Mercado, que é uma das melhores do Brasil”, disse.
Os recursos para a reforma vieram de um Termo de Conversão de Área Pública (TCAP) firmado entre a Administração e a empresa Multiplan, no valor de R$ 10 milhões. O Mercado foi inaugurado em 1869, e o segundo piso ficou pronto no ano de 1913. Além da revitalização do segundo piso em si e da parte elétrica, foram também inauguradas escadas rolantes, elevadores e abertos novos banheiros. A liberação total do segundo piso foi concluída no último dia 29 de julho.
Foram necessárias quase duas horas para combater o incêndio na época. Adriana descreve o cenário como “de guerra”. As investigações da Polícia, na ocasião, concluíram que as chamas iniciaram em uma fritadeira elétrica, que ficou ligada na cozinha do restaurante Atlântico, no segundo pavimento.
O Mercado foi reaberto 38 dias depois do fogo, em 13 de agosto de 2013. “Os permissionários que estavam embaixo deste local que pegou fogo não tinham luz própria até um mês atrás. Então o retorno do segundo piso é de uma relevância gigantesca”, diz Adriana.
Fonte Correio do Povo