Empresários investem na produção e tráfico de ‘maconha’

Empresários investem na produção e tráfico de ‘maconha’

A baixa qualidade da maconha que vem do Paraguai e a pandemia da Covid-19 impulsionaram um novo mercado no tráfico de drogas. Interessados em substâncias de composição pura e desencorajados na ida a bocas de fumo, usuários de classe alta passaram a cultivar o entorpecente para consumo próprio.

Muitos deles, empresários formais, viram um nicho de mercado baseado na tele-entrega, com unidades que partem de 50 reais o grama. E a ‘maconha premium’ vem conquistando usuários de maior poder aquisitivo.

“É uma nova realidade que a gente tem notado em recentes apreensões e prisões”, conta o delegado Alencar Carraro, do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc).

Ele cita como exemplo a descoberta de sofisticado laboratório de droga na tarde de segunda-feira em Glorinha, na região metropolitana. “Era uma megaestrutura, com estufa, controle de qualidade.

São empresários que produzem, assim como em laboratório parecido que descobrimos recentemente aqui em Porto Alegre.”

O delegado destaca o alto grau de pureza em plantação livre de pesticidas. “O pessoal chama de Skank, mas é maconha geneticamente modificada.”

Entre os consumidores, as principais variedades são chamadas de “flor” e “camarão”. Em Glorinha, três foram presos. O sítio tinha um pavilhão, contêiner e estufa com iluminação e ventilação adequados à produção. Só o 1,5 quilo pronto para o consumo valia R$ 75 mil.

Clientela reclama de erva vinda do Paraguai

Segundo o delegado, aproximadamente 95% da maconha usada no Estado vem do Paraguai. “A gente tem notado que cada vez mais usuários vêm reclamando da qualidade.

Quem tem dinheiro começou a plantar e alguns partiram para o tráfico. Esse público quer produto selecionado e não quer ir às bocas de fumo.” E compara à cocaína. “Também tem a pura, de padrão A, e as mais baratas e batizadas, B e C.”

Traficantes estão abandonando o crack

A epidemia de crack, verificada em todas as classes sociais na última década, está ficando restrita aos mais pobres. “Se quiser, tem que ir na biqueira.

Os próprios traficantes estão abandonando o crack, deixando faltar mesmo, e partindo para tele-entrega de maconha, cocaína e drogas sintéticas”, diz o delegado.

Ele frisa que a Polícia vem abalando estrutura das organizações com expressivas apreensões, mas observa que não há como acabar com o tráfico. “Tem muita gente usando droga. É impressionante.”

Vale do Sinos na vanguarda do mercado

Novo Hamburgo, que sempre teve destaque no universo do tráfico como sede da facção Os Manos, foi notícia nacional em junho de 2015 por causa de plantio de ‘maconha gourmet’ no bairro Lomba Grande. Um agricultor vindo da Alemanha foi preso com 69 variedades especiais da droga, embaladas e etiquetadas.

O fluxo de carros de luxo na propriedade dava o tom do negócio, apesar de o estrangeiro alegar que era para consumo próprio. Em janeiro do ano passado, a Polícia Civil descobriu plantação da ‘maconha premium’ no bairro São Luiz, em Sapiranga. O dono, que investiu em estufas e insumos, foi preso.

Não é o caso das grandes cargas de facção

Cargas como a encontrada em depósito dos Manos em Taquara, na noite quarta-feira, são para o ‘varejo popular’. A maioria dos 820 quilos eram de tijolos da cor roxa, que indicam maconha de qualidade média, que tem gerado reclamações dos usuários.

“Havia alguns na cor amarela, de tipo inferior, com ainda menos THC (tetra-hidrocarbinol, principal componente ativo da maconha)”.

Fonte Jornal NH

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