Cachoeirinha lidera número de casos de sarampo no Rio Grande do Sul

Cachoeirinha lidera número de casos de sarampo no Rio Grande do Sul

Com 19 casos confirmados, taxa de infectados na cidade chega a ser 14 vezes superior a Porto Alegre e quase o dobro da média nacional; vírus veio de São Paulo

O primeiro boletim epidemiológico sobre casos de sarampo, divulgado nesta quarta (8), coloca Cachoeirinha em uma preocupante liderança. A cidade é a que concentra o maior número de casos confirmados da doença no Rio Grande do Sul, desde o início do surto, em meados de 2019. Ao todo, 19 pessoas foram diagnosticadas com sarampo em Cachoeirinha. Um caso confirmado a mais do que Porto Alegre, por exemplo. A incidência, no entanto, é 14 vezes maior do que na Capital, e quase o dobro da incidência de todo o país.

Enquanto Porto Alegre, que é o segundo município do Estado com mais casos confirmados, registra um caso de sarampo para cada 100 mil habitantes, em Cachoeirinha, são 14 para 100 mil habitantes. Em Gravataí, que tem o terceiro maior número de casos confirmados, foram 14 infectados — taxa de cinco por 100 mil habitantes. Significa que, no Rio Grande do Sul, só Cachoeirinha apresenta índices superiores à média nacional. Em todo o país, foram confirmados 17,2 mil, uma taxa de 8 por 100 mil habitantes.

Os casos mais recentes na cidade, confirmados pelo boletim desta semana, apontam para duas crianças de quatro meses e o pai de uma delas. A incidência entre crianças com até um ano de idade chega a ser 12 vezes maior do que em outras faixas etárias. Os três apresentaram os sintomas ainda em 2019, e agora tiveram a confirmação laboratorial da doença.

“Temos um setor de epidemiologia muito bem estruturado, que intensificou a busca ativa de casos suspeitos a partir do alerta do primeiro caso de sarampo confirmado na cidade. O número pode estar subindo justamente pela nossa eficiência neste trabalho, o que gera um diagnóstico bem mais próximo da realidade e que nos permite atuar mais corretamente no controle e prevenção da doença”, explica o secretário municipal da Saúde, Dyego Matielo.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), surtos de sarampo já atingiram 17 países desde 2017. Mundialmente, no entanto, a OMS considera que apenas um em cada 10 casos de sarampo são notificados e diagnosticados.

No caso de Cachoeirinha, pode se dizer que a cidade está no centro do surto da doença no Rio Grande do Sul. Dos 64 casos confirmados, 51 concentram-se entre Porto Alegre, Cachoeirinha e Gravataí. Há ainda 33 casos sob investigação. Além das três cidades, a secretaria confirma ainda casos em Canoas (2), Alvorada (3), Tramandaí (3), Ijuí (2), Dois Irmãos (1), Santo Antônio da Patrulha (1) e Carlos Gomes (1).

Importado de São Paulo

De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, o vírus que chegou ao Estado em 2019 tem origem em São Paulo que, como apurou o governo paulista, alastrou-se a partir da cepa do vírus que provocou um surto de sarampo na Europa. O município confirma esta origem. O primeiro caso de sarampo confirmado em Cachoeirinha foi justamente de um homem que havia vindo de São Paulo e foi atendido no Hospital Padre Jeremias com os sintomas da doença.

“Foi a partir deste caso que iniciamos o trabalho de controle epidemiológico com o máximo de eficiência”, aponta o secretário. Segundo ele, a doença não atinge uma região específica da cidade.

Vacinação em baixa

Conforme o Ministério da Saúde, o surto de sarampo no país está diretamente relacionado à queda nos índices de vacinação da população. Em Cachoeirinha, não foi diferente. Se em 2015 o município apresentava 80,6% da população com até um ano vacinada com a tríplice viral, em 2017, este índice desabou para 76,5%. Em 2018, voltou a subir, chegando a 85,4% deste grupo populacional imunizado, ainda assim, abaixo do índice estadual, de 88% de imunização em crianças com até um ano. Mais abaixo ainda dos 95% considerados ideais pela OMS.

Em Gravataí, por exemplo, o ciclo de cobertura vacinal foi inverso entre 2015 e 2018. No primeiro ano, 75,5% da população com até um ano havia recebido a tríplice viral. Já em 2018, 92% desta população estava imunizada. Levantamento da Secretaria Estadual da Saúde mostrou que em 59% dos casos em que crianças não foram vacinadas no Rio Grande do Sul o motivo foram escolhas pessoais dos pais. Um quinto deles alegou esquecimento. Conforme a prefeitura de Cachoeirinha, nos últimos três anos não houve problemas no fornecimento da tríplice viral, que imuniza contra o sarampo.

O estudo constatou, no entanto, que jovens deixam de vacinar seus filhos com mais frequência por não terem convivido com certas doenças comuns no passado. Após o Dia D de vacinação contra o sarampo, a prefeitura contabilizava ainda estar com 86% de cobertura do público alvo. Era outubro, e até então Cachoeirinha tinha confirmados apenas dois casos de sarampo.

O sarampo é considerado uma doença infecciosa grave, causada por um vírus. Transmitida pela tosse, fala, espirro ou respiração próxima da pessoa infectada.

Fonte Jornal NH

 

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